Publicado em 2 de junho de 2024 às 10:51
SÃO PAULO - O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, afirmou neste sábado (1º) que as políticas de proteção à população LGBTQIA+ poderão ser aplicadas nos estados mesmo com a resistência de governadores que são contrários a essas ações. Segundo ele, as parcerias com universidades e as ações ao lado de autarquias federais serão usadas casos as gestões estaduais não sejam parceiras.>
Segundo Almeida, o primeiro passo será conversar com todos os governadores sobre a necessidade de implementação dessas políticas. "No meu entendimento, é uma obrigação do poder público. Quem não implementa políticas de proteção aos grupos mais vulnerabilizados fere a Constituição Federal e os acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário.">
O ministro afirmou que não gosta de usar os termos "pauta ou agenda de costumes". "Estamos falando de garantir a vida de cidadãs e cidadãos brasileiros, sua dignidade e acesso aos serviços públicos e ao mercado de trabalho.">
Ele também comentou a decisão do Congresso Nacional que derrubou os vetos do presidente Lula e manteve as restrições ao uso do Orçamento para a proteção a direitos da população LGBTQIA+. Para Almeida, a manutenção do veto é inconstitucional e o assunto pode chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), principalmente se faltarem recursos para essas políticas.>
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O texto impede a aplicação de recursos em "ações tendentes a influenciar crianças e adolescentes, da creche ao ensino médio, a terem orientações sexuais diferentes do sexo biológico; ações tendentes a desconstruir, diminuir ou extinguir o conceito de família tradicional, formado por pai, mãe e filhos; cirurgias em crianças e adolescentes para mudança de sexo".>
Almeida anunciou que deve se reunir em breve com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, para debater políticas públicas de segurança para pessoas LGBTQIA+. Uma delas é a aplicação do "Formulário Rogéria", formulado em 2022 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para garantir um atendimento específico para esta população.>
O protocolo foi criado para aplicação em delegacias, na Defensoria Pública, tribunais de Justiça e nos serviços de assistência social de proteção a vítimas de violência. O objetivo é garantir o seu uso em todas as unidades.>
O ministro citou a decisão de Lewandowski de não liberar o recurso federal para aquisição câmeras corporais para policiais nos estados que não seguirem parâmetros de uso do equipamento como uma das formas que o governo federal tem para implementar suas políticas.>
O governo de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou uma licitação de câmeras que permitem seu desligamento pelos agentes público, e não mais uma gravação constante.>
Ao responder a uma pergunta sobre as ações da Polícia Militar na Baixada Santista, Almeida cobrou controle da atividade policial e alfinetou o governador, mesmo sem citá-lo diretamente. "Quem não controla a atividade policial não é moderado, é extremista", disse. Ele cobrou uma maior ação do Ministério Público na apuração dos excessos policiais cometidos durante as ações no litoral.>
Para ele, uma polícia sem controle só interessa às milícias e ao crime organizado, aumenta a violência contra policiais e lhes causa danos psicológicos. "Vou tratar com o Ministério da Justiça e Segurança Pública da criação de um programa especial de direitos humanos para policiais", disse.>
Ele repetiu diversas vezes que "não existe direitos humanos sem segurança pública nem segura pública sem direitos humanos".>
O ministro participou do anúncio do LGBTQIA+ Cidadania, ao lado da secretária nacional de os Direitos da População LGBTQIA+, Symmy Larrat. O plano inclui a liberação de R$ 1,4 milhão para 12 casas de acolhida espalhadas pelo país e a criação da primeira casa de acolhida pública, em Belém (PA).>
Também faz parte do pacote o programa Empodera+, de geração de emprego e renda a ser implementado em parceria com os governos estaduais. Pará, Maranhão, Espírito Santo e Ceará receberão projetos-pilotos. O Rio Grande do Sul, em razão da calamidade provocada pelas enchentes, também deve ser incluído nesta fase de ações. O programa é baseado no Transcidadania, criado há 20 anos pela Prefeitura de São Paulo.>
Outra iniciativa anunciada é o Viver+, programa de autoproteção e autocuidado desenvolvido especialmente para a população LGBTQIA+ de indígenas, quilombolas, camponeses, ribeirinhos, caiçaras, extrativistas e pescadores. "Sabemos que essas pessoas enfrentam preconceitos dentro de suas comunidades e de uma dupla discriminação quando se deslocam para as cidades", disse Simmy.>
As primeiras iniciativas do projeto devem ser com a população indígena do Mato Grosso do Sul, com quem a secretária deve se reunir no próximo mês. Symmy afirmou que LGBTQIA+ Cidadania é o "nome social", em referência a pessoas trans que não têm seus nomes alterados oficialmente nos documentos, das políticas previstas para essa população do Plano Plurianual.>
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