Publicado em 10 de setembro de 2020 às 10:55
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), foi alvo na manhã desta quinta-feira (10) de mandados de busca e apreensão em sua casa e em seu gabinete no Palácio da Cidade. A ação é parte da investigação sobre um suposto esquema de corrupção na prefeitura. >
Agentes da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro cumprem no total 22 mandados expedidos pelo 1º Grupo de Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, foro especial para investigação contra prefeitos.>
Candidato à reeleição, Crivella é alvo de operação dois dias após as buscas na casa do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), já oficializado como seu adversário na disputa pela prefeitura.>
O inquérito contra Crivella, cujo conteúdo integral está sob sigilo, foi aberto no ano passado com base na delação premiada de Sérgio Mizrahy, um agiota da zona sul da cidade.>
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Ele apontou o empresário Rafael Alves, ex-dirigente do Salgueiro e da Viradouro, como o responsável por cobrar propina na Riotur. A empresa municipal de turismo é presidida por seu irmão, Marcelo Alves.>
O delator disse que Rafael Alves cobrava propina de empresas contratadas pelo município ou que têm dívidas a receber de gestões anteriores. O agiota disse que recebia cheques do empresário recebidos como vantagem indevida para trocar por dinheiro vivo.>
Mizrahy não entregou evidências do envolvimento direto do prefeito em seus anexos oferecidos aos procuradores e homologado pela Justiça. Mas a proximidade de Rafael Alves com Crivella colocou o bispo licenciado da Igreja Universal como um dos alvos da apuração. A apuração tem fotos dos dois caminhando e conversando na Barra, onde moram.>
Esta é a segunda vez que agentrs da polícia e do MP-RJ fazem buscas no curso do inquérito. Não há uma denúncia contra Crivella.>
Alves foi doador de campanha do PRB, antigo nome do Republicanos, desde 2012. Tanto a sigla como Crivella receberam do empresário R$ 745 mil nas eleições de 2012 e 2014.>
Na eleição de 2016, quando Crivella foi eleito, ele não aparece como doador na prestação de contas do prefeito. Mas segundo relatos feitos à Folha, atuou como arrecadador para a campanha.>
Após a vitória, ganhou um afago: foi convidado por Crivella para uma viagem em Israel.>
Na administração atual, a Riotur é sua área principal de influência. O órgão é responsável por organizar o desfile no Sambódromo, espaço no qual Rafael, ligado a escolas de samba, transita com facilidade. A empresa também organiza as festas de Revéillon.>
Segundo relatos, Rafael se comporta como se fosse o verdadeiro presidente da Riotur. Ele tem uma sala na sede de empresa municipal, fica rodeado por seguranças na pista da Sapucaí e distribui para amigos coletes destinados para os que trabalham na supervisão do desfile.>
A relação do empresário com o prefeito não é sempre harmônica. Ele tentou, sem sucesso, convencer Crivella a não retirar o apoio financeiro de R$ 2 milhões que o município dava a cada escola de samba. Ao mesmo tempo, conseguiu manter sob seu domínio a Riotur mesmo após a criação da Secretaria de Turismo entregue ao PP.>
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