Publicado em 20 de dezembro de 2019 às 15:40
Amigo de Flávio Bolsonaro desde 2010, o policial militar Diego Sodré Ambrósio afirma que o filho mais velho de Jair Bolsonaro pagou a ele R$ 16,5 mil em dinheiro vivo para reembolsá-lo de um empréstimo feito no dia 3 de outubro de 2016. O dinheiro não foi depositado na conta de Ambrósio.>
O sargento foi um dos alvos da operação deflagrada pelo Ministério Público na quarta (18). A Promotoria apontou indícios de lavagem de dinheiro ao detectar que Ambrósio fez o pagamento de uma prestação de um imóvel adquirido por Flávio e sua esposa, no valor de R$ 16.564.>
Para pagar o boleto em nome de Fernanda Bolsonaro, Ambrósio recorreu ao cheque especial da sua conta pessoal. Como já havia um saldo negativo de quase R$ 5.000, o buraco chegou a R$ 21.147,68.>
Para cobri-lo, o sargento fez uma transferência de R$ 20.450 da conta de sua empresa de vigilância, a Santa Clara Serviços. Ambrósio diz que Flávio o ressarciu em espécie, mas preferiu não depositar o dinheiro, pagando os gastos da empresa com ele.>
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O sargento afirma, porém, que esse é um "fato corriqueiro na relação de amigos de dez anos" e que "é pouco provável" que tenha ocorrido uma única vez. Questionado sobre o montante, diz que a avaliação de valores é subjetiva.>
Segundo Ambrósio, o empréstimo se deu durante um churrasco após a derrota de Flávio na corrida pela Prefeitura do Rio, em 2016. "Foi uma campanha muito dolorosa.">
Segundo ele, amigos e integrantes do comitê da campanha estavam reunidos no escritório político da família, em Bento Ribeiro, quando Flávio lembrou-se da necessidade de pagar a prestação do imóvel.>
"Não lembro se era um problema de rede ou se ele teria mesmo que ir ao banco, mas me ofereci para pagar [pelo aplicativo]", relata o PM.>
De lá, Ambrósio levou Flávio para seu apartamento. Ele diz não lembrar se Flávio devolveu o dinheiro logo ao chegar em casa ou no dia seguinte. "Ele me reembolsou. O dinheiro não está na nuvem.">
Dono de uma empresa de mão de obra terceirizada para condomínios na zona sul do Rio, Ambrósio reagiu ao fato de a Promotoria ressaltar que ele era cabo à época do empréstimo e que a remuneração líquida do posto corresponde a um terço do valor do título pago. "Tenho outras fontes de renda">
Para embasar a operação, que também atingiu Flávio e o ex-assessor Fabrício Queiroz, o MP-RJ apontou ainda transferências bancárias de Ambrósio para dois assessores da Assembleia Legislativa do Rio, Fernando Nascimento Pessoa e Marcos de Freitas Domingos. Foram detectadas ainda transferências do PM e de sua empresa para a conta da loja Kopenhagen de Flávio.>
"Restam fundadas suspeitas de que Diego Sodré de Castro Ambrósio tenha participação em atos de lavagem dos recursos ilicitamente desviados do orçamento da Alerj, usando suas contas pessoais e as da empresa da qual é sócio", escreveu a Promotoria.>
O militar afirma que compra cerca de cem panetones por ano para distribuir a síndicos, fornecedores e colaboradores. "Foi uma maneira de ajudar um amigo que acabava de abrir uma empresa", justificou, enviando à reportagem fotos de caixas de panetone.>
No documento, o MP também citou que Ambrósio foi objeto de uma investigação da Corregedoria Interna da PM.>
Reportagens de 2016 revelaram que moradores de Copacabana estavam sendo assediados por policiais a contratarem seguranças privados para retirar moradores de rua das calçadas. Uma dessas empresas era a Santa Clara, pertencente a Ambrósio.>
Ele diz que o inquérito militar foi arquivado seis meses após instaurado e que ele levou o caso à Corregedoria.>
Ambrósio conheceu Flávio por intermédio de um amigo, também policial, de quem diz não lembrar, na campanha de 2010. Então deputado, o hoje presidente Jair Bolsonaro participou do encontro.>
Desde então, Ambrósio participa das campanhas de Flávio. Em 2018, chegou a usar seu carro blindado para transportar o então candidato; a comemoração da vitória aconteceu no prédio de Ambrósio, um condomínio-clube, no Recreio dos Bandeirantes.>
Em relação às transferências para Fernando, Ambrósio diz estar pagando por serviços de design gráfico. Sobre Domingos, um policial que conhece há 12 anos, ele afirma que o depósito destinava-se a pagar por uma caixa de som comprada pelo amigo.>
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