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Pivô de operação com Ciro e Cid Gomes, Castelão foi um dos estádios da Copa-2014

Pivô de operação com Ciro e Cid Gomes, Castelão foi um dos estádios da Copa-2014

Obra custou R$ 518,6 mi, financiada pelo estado do Ceará e por empréstimo via BNDES. Na manhã desta quarta (15), 14 mandados de busca e apreensão foram feitos

Publicado em 15 de dezembro de 2021 às 15:11

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Ciro Gomes, ex-governador do Ceará
Ciro Gomes, ex-governador do Ceará. (Reprodução/Redes sociais)

Objeto de investigação de pagamento de propina para sua construção, o Castelão, em Fortaleza, foi um dos primeiros estádios a ficar pronto para a Copa do Mundo de 2014. O processo envolve os nomes dos irmãos Ciro Gomes, pré-candidato a presidente, e Cid Gomes, atualmente senador e governador no início da construção, ambos do PDT.

A entrega no prazo fez com que a Fifa desse um presente ao governo do Ceará: a capital Fortaleza ganhou um dos três jogos da seleção brasileira na fase de grupos da Copa-2014, além de uma quartas-de-final que poderia ser do Brasil se o time de Felipão terminasse em primeiro lugar em sua chave, o que veio a acontecer.

A Polícia Federal investiga se houve desvio de dinheiro público na obra do Castelão, que custou R$ 518,6 milhões e teve a obra financiada pelo estado do Ceará e por empréstimo concedido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Na manhã desta quarta-feira (15), 14 mandados de busca e apreensão foram feitos por determinação da Justiça, tendo entre os alvos os irmãos Ciro Gomes, pré-candidato a presidente, e o senador Cid Gomes, governador do Ceará no início da construção, ambos do PDT. Ciro Gomes negou participação em qualquer irregularidade.

Junto com o Mineirão, em Belo Horizonte, o Castelão -com capacidade para 60 mil pessoas- foi das 12 arenas reformadas ou construídas para a Copa que ficou pronta antes, em dezembro de 2012. Faltavam seis meses para o início da Copa das Confederações, em junho de 2013, o evento-teste do Mundial que ocorreria no ano seguinte.

Uma parceria público-privada, a agilidade na obra era de interesse do consórcio encabeçado pela construtora Galvão Engenharia, que havia ganho, em 2010, o direito de reformar o estádio e de administrá-lo por oito anos.

Quanto antes ficasse pronto, mais cedo o consórcio poderia começar a ganhar dinheiro com o equipamento. Como quase todos os estádios da Copa-2014 (a exceção foi o Mané Garrincha, em Brasília), a Arena Castelão teve parte de seus custos bancado por um empréstimo feito pelo governo do Ceará com o BNDES. O banco abriu uma linha de crédito exclusiva para obras relacionadas aos estádios da Copa do Mundo, chamado de ProCopa, com limite de R$ 400 milhões por arena.

O BNDES repassou R$ 351,5 milhões para a reforma do Castelão, equivalente a 67% do total da obra, que ficou em R$ 518,6 milhões -o restante foi pago pelo governo estadual. Entre os nove estádios públicos construídos ou reformados para a Copa, o Castelão foi o segundo mais barato, só atrás da Arena das Dunas, em Natal, que custou R$ 400 milhões -e teve 99% da construção financiada com o empréstimo de R$ 396,5 milhões do BNDES.

Em dezembro de 2018 acabou o contrato de concessão do Castelão, não houve renovação e o estádio voltou a ser administrado pelo governo do Ceará. Os dois principais clubes do estado, Ceará e Fortaleza, disputam partidas da Série A do Campeonato Brasileiro e de outras competições na arena, mas só participam da gestão nos dias de seus jogos.

Em janeiro de 2021, um incêndio atingiu parte das cabines de imprensa do Castelão. Não houve feridos. Nesse período já havia reclamação dos clubes de problemas no estádio, principalmente no gramado e vestiários.

Cadeiras quebradas não haviam sido consertadas, mesmo sem a presença de público nos estádios por causa da pandemia, o que assustou membros da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), que visitaram o Castelão em fevereiro de 2021 para vistoriar o equipamento que era candidato a receber a final da Copa Sul-Americana. O estádio não foi escolhido.

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