Publicado em 3 de março de 2021 às 09:25
- Atualizado há 5 anos
A Polícia Federal encaminhou um relatório ao STF (Supremo Tribunal Federal) em que afirma que assessores do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) foram os responsáveis por entregar dois celulares ao parlamentar na prisão. >
Silveira foi preso por ordem do ministro do Supremo Alexandre de Moraes em 16 de fevereiro e, no dia 18, a PF encontrou dois aparelhos telefônicos no local em que estava detido na superintendência da corporação no Rio de Janeiro, o que é proibido.>
A polícia registrou os assessores entregando um celular a Silveira e afirma que eles aproveitaram o fato de o advogado do deputado ter participado do encontro para conseguir entregar os aparelhos.>
"As imagens revelam, claramente, que o advogado André Rios viu, nas duas ocasiões, os aparelhos sendo entregues para o deputado preso provisoriamente, sendo certo que a sua presença na visita a torna uma audiência privada com o cliente custodiado, ou seja, a garantia do sigilo da conversa entre o advogado e o cliente, possivelmente, foi utilizado pelos assessores do deputado, para entrada e entrega dos aparelhos", diz o relatório.>
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Silveira foi preso em flagrante por decisão de Moraes após publicar um vídeo nas redes sociais em que ofendeu ministros do Supremo e defendeu o AI-5, ato da ditadura militar que destituiu três ministros do STF da época.>
A PF sustenta que o deputado participou do crime, uma vez que o Código Penal prevê o delito de "ingressar, promover, intermediar ou facilitar" a entrada de celular em estabelecimento prisional.>
"As imagens deixam evidente a participação do próprio deputado na conduta descrita no artigo 349- A do Código Penal, especificamente no núcleo do verbo 'promover', já que o custodiado recebe os aparelhos das mãos de seus assessores, sendo um deles o responsável pela cautela dos mesmos, e os esconde em sua calça", afirma o relatório.>
A polícia justifica que adaptou o alojamento feminino da superintendência da corporação para receber o deputado.>
"Foi relatada a ausência de revista pessoal nos assessores, advogados e parlamentares, que visitaram o deputado federal (pela ausência de detectores de metais na delegacia), assim como a ausência de um protocolo predefinido para custódia de presos naquela Unidade, situação excepcionalíssima", afirma.>
Devido a uma câmera instalada na sala de recepção da delegacia, que foi improvisada para o deputado receber visitas, a PF identificou os responsáveis pela entrega dos celulares.>
Moraes determinou que a polícia realize a perícia nos celulares.>
Em depoimento à PF sobre os aparelhos, Silveira disse que entre sua prisão, na terça-feira (16), e o dia seguinte, foi "muito tumultuado", com várias lideranças de seu partido, o PSL, querendo fazer contato.>
Disse também que havia uma reunião de líderes da Câmara que decidiriam sobre o seu destino e, que em razão desse "quadro atípico" e "por não ter feito uso do seu direito constitucional de telefonar para sua família", ele pediu a um dos assessores que o visitavam para usar o celular.>
Silveira afirmou que, autorizado por um policial, ligou para a mãe, "pessoa idosa, doente e que estava muito preocupada".>
E que consultou o grupo de WhatsApp de parlamentares da sua base política, a fim de ver se havia alguma novidade sobre a movimentação na Câmara quanto a sua prisão.>
O deputado disse que havia muitas pessoas na sala e, "como de costume, colocou os seus celulares no bolso e permaneceu com eles".>
"Não tinha qualquer intenção de burlar as regras, até porque após a ligação permitida, não houve qualquer outra, ou seja, qualquer contato com pessoas fora da unidade policial", afirmou.>
Ele disse que abrira mão do seu sigilo telefônico para que seja verificado que não foram feitas ligações além da supostamente autorizada pela autoridade policial.>
Além disso, após a prisão, no dia 20, Moraes atendeu pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) e autorizou a abertura de outra investigação contra Silveira para apurar se ele cometeu o crime de desacato e por infração de medida sanitária preventiva.>
Isso ocorreu devido à recusa do parlamentar em usar máscara no IML (Instituto Médico-Legal) Afrânio Peixoto, no Rio de Janeiro, e também por causa das ofensas desferidas por ele contra uma policial civil que pediu a ele que usasse o acessório, necessário para circular nas dependências do prédio.>
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