Publicado em 29 de março de 2020 às 16:42
As vacinas que estão sendo projetadas hoje contra o novo coronavírus podem não ser suficientemente eficazes justamente para as pessoas que mais precisam: os idosos. O alerta vem de Boston, nos Estados Unidos. Mais precisamente, de Ofer Levy, médico de doenças infecciosas que dirige o Programa de Vacinas de Precisão do Boston Children's Hospital.>
"As vacinas não são tamanho único", disse Levy ao jornal The Times of Israel por teleconferência há alguns dias. "A resposta imune varia com a idade". Com sua equipe, Levy trabalha em uma vacina desde meados de janeiro. Ele calcula que mais de 40 grupos separados estão pesquisando pelo mundo afora, mas, até o momento, nenhuma vacina foi aprovada.>
Para a repórter Karen Weintraud, da revista Scientific American, Levy explicou que é preciso que a vacina, seja qual for, funcione em idosos. "Caso contrário, não estamos de olho na bola. E agora, como as vacinas estão sendo desenvolvidas, o olho não está certo">
A estratégia desenvolvida por Levy e seus companheiros envolve testar candidatos em um ambiente mais realista do que a maioria dos laboratórios, adicionando um adjuvante, isto é, uma substância que aumenta a eficácia da vacina e permite a dosagem mínima possível.>
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Eles mantêm armazenadas em freezers centenas de amostras de células doadas por pacientes mais velhos que foram tratados no Hospital Brigham and Women's antes do atual surto. Elas permitirão testar a combinação de diversos adjuvantes, até definirem a que melhor funciona com os idosos.>
Levy estava trabalhando numa vacina contra a gripe até 1º de janeiro, quando seu colega David Dowling ouviu falar de um estranho surto de pneumonia na cidade chinesa de Wuhan. Ao mudar o eixo das pesquisas, o grupo já tinha como foco encontrar uma vacina eficaz entre os velhos. O raciocínio é que o sistema imunológico humano se transforma completamente não apenas durante as primeiras semanas após o nascimento, mas também na velhice, o que faz com que vacinas eficazes em adultos saudáveis possam falhar se aplicadas nos idosos.>
Levy nasceu em Nova Iorque, numa família judaica com forte presença na ciência e na arte. O avô foi geólogo e fez os primeiros mapas de Israel. O tio-avô era cientista e poeta. O pai de Levy é artista e a mãe, musicista e maestrina.>
Formado na Bronx High School of Science, na Universidade de Yale e na NYU School of Medicine, ele sabe que é preciso acelerar as pesquisas de todos os grupos. "As pessoas estão morrendo a uma taxa diária agora. Estamos trabalhando o máximo que podemos em uma situação difícil. Temos que trabalhar mais rápido, melhor. Mais cedo ou mais tarde, o próximo surto pode ser ainda pior">
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