Publicado em 22 de junho de 2023 às 12:47
BRASÍLIA - A representação jurídica do PDT, que apresentou a ação que pode levar Jair Bolsonaro (PL) à inelegibilidade, defendeu nesta quinta-feira (22) a punição ao ex-presidente aos ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o argumento de que houve a tentativa de um golpe de Estado.>
O advogado do partido rebateu o argumento da defesa de Bolsonaro de que o TSE não pode analisar todo contexto de ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral, mas apenas a reunião com os embaixadores.>
De acordo com a atual legislação, caso condenado, ele estará apto a se candidatar novamente em 2030, aos 75 anos, ficando afastado portanto de três eleições até lá (sendo uma delas a nacional de 2026).>
Em sua manifestação no julgamento, o advogado Walber Agra disse que a ação, que foi motivada pela reunião do ex-presidente com embaixadores estrangeiros, "não se trata apenas de uma reunião dos embaixadores, se trata de uma pluralidade de fatos".>
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Segundo ele, essa pluralidade de fatos tem relação tanto com a eleição de 2018 quanto com a eleição de 2022. "Não está se tentando imputar responsabilidade por um conjunto de obra", disse.>
O advogado afirmou que a minuta do golpe encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro Anderson Torres é "o desfecho da tentação desses atos praticados", em referência aos ataques às urnas eletrônicos.>
Agra também criticou a atuação dos advogados de Bolsonaro por terem tentado impedir a inclusão da minuta do golpe nos autos do processo.>
"A defesa é feita através não da alegação do fato, mas é feita através da tentativa de óbices processuais. É feita através de mais uma fake news. Quando eu nego seu conteúdo, quem cala consente", disse.>
Segundo o advogado, a minuta do golpe é um dos " desdobramentos de fatos da causa de pedir", disse. "A causa de pedir é prévia, mas vou negar o fato? Vou congelar o mundo finalmente?", argumentou.>
E prosseguiu: "Fatos posteriores são desdobramentos. A narrativa é a mesma. Não há incorporação de nenhum fato novo, de nenhuma causa de pedir diversa".>
A Aije (ação de investigação judicial eleitoral) contra Bolsonaro tem como foco a reunião com embaixadores realizada pelo então presidente em julho do ano passado, na qual ele repetiu mentiras sobre as urnas eletrônicas e fez ataques aos ministros do TSE e do STF (Supremo Tribunal Federal).>
Esse modelo de ação, a Aije, pode ser apresentada até a data da diplomação do candidato e tem como objetivo apurar condutas que possam afetar a igualdade de disputa na eleição, como abuso de poder econômico, de autoridade ou uso indevido dos meios de comunicação.>
Se for declarado inelegível pelo TSE, Bolsonaro, 68, não poderá disputar eleições por oito anos — prazo que conta a partir da eleição de 2022.>
Em julho do ano passado, Bolsonaro convidou dezenas de representantes estrangeiros para falar sobre o sistema eletrônico de votação do país.>
O evento durou cerca de 50 minutos e foi transmitido pela TV Brasil. Na ocasião, a Secretaria de Comunicação do governo barrou a imprensa, permitindo apenas a participação dos veículos que se comprometessem a transmitir o evento ao vivo.>
O PDT diz que Bolsonaro praticou abuso de poder político, que ocorre quando o detentor do poder utiliza de sua posição "para agir de modo a influenciar o eleitor", prejudicando a liberdade de voto.>
Além disso, afirma que fez uso indevido de meios de comunicação social ao usar redes sociais para veicular ataques à integridade do sistema de votação.>
O partido aponta também que teria havido uso indevido do aparato estatal, pelo evento ter ocorrido no Palácio da Alvorada, com transmissão pela TV Brasil.>
A fala do PDT acontece antes de o advogado de Bolsonaro, Tarcísio Vieira, iniciar a sua fala aos ministros.>
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