Publicado em 5 de abril de 2021 às 15:08
- Atualizado há 5 anos
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sinalizou durante o fim de semana que deverá vetar trechos do projeto de Orçamento de 2021, aprovado pelo Congresso em março. A proposta orçamentária é alvo de discussão entre a equipe econômica e parlamentares. >
Com o veto parcial, o governo espera evitar uma crise entre os dois lados e viabilizar a sanção do Orçamento, que destrava os gastos da máquina pública neste ano. Bolsonaro tem até o dia 22 de abril para sancionar o texto.>
A indicação do presidente foi feita no sábado (3) a auxiliares jurídicos e transmitida a deputados aliados pela articulação política. A ideia é que, já no início desta semana, Bolsonaro discuta os trechos que devem ser vetados com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).>
O veto parcial é considerado por assessores palacianos a melhor solução diante do embate entre a Economia e o Congresso pela adequação da proposta orçamentária.>
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O relator da matéria, senador Márcio Bittar (MDB-AC), aceitou abrir mão na semana passada de até R$ 10 bilhões em emendas. Na sexta-feira (2), como mostrou a Folha, o relator aceitou elevar o valor para R$ 13 bilhões. O novo patamar, no entanto, "não foi aceito por Guedes.>
O ministro da Economia defende um corte de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões em verbas indicadas pelo Congresso para que seja possível recompor os recursos obrigatórios sem estourar o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação.">
O maior impasse atualmente é como sancionar o projeto de Orçamento sem que Bolsonaro possa deixar margem para ser acusado de crime de responsabilidade. A proposta orçamentária foi aprovada com menos recursos que o mínimo para pagamento de despesas obrigatórias, como aposentadorias e demais benefícios previdenciários.>
Para recompor a verba de gastos obrigatórios, o governo teria que fazer um contingenciamento nas despesas discricionárias, que englobam gastos com energia elétrica, água, terceirizados e materiais administrativos, além de investimentos em infraestrutura, bolsas de estudo e emissão de passaportes, por exemplo.>
No entanto, técnicos do Ministério da Economia dizem que uma tesourada de mais de R$ 30 bilhões nesse grupo de despesas inviabilizaria a prestação de serviços públicos até o fim do ano. Por isso, o projeto aprovado pelo Congresso é considerado inexequível pela equipe econômica.>
A solução então passa por reduzir a verba de emendas parlamentares e aumentar o orçamento obrigatório.>
Mesmo com o Congresso já abrindo mão de emendas, ainda há discussão jurídica, pois a mudança de destinação do dinheiro seria apenas após a sanção. O time de Guedes ainda analisa o texto aprovado para saber o que exatamente pode ser vetado sem que programas do governo sejam prejudicados.>
Como mostrou a Folha, Guedes já enviou recado ao presidente de que pode haver uma nova debandada na equipe econômica se os problemas do Orçamento não forem corrigidos.>
Na aprovação das contas de 2021, os deputados e senadores autorizaram R$ 48,8 bilhões em emendas parlamentares –forma de um congressista colocar sua digital numa verba para projetos na base eleitoral, especialmente obras. Para viabilizar essa cifra, foram cortados, artificialmente, R$ 26,5 bilhões em despesas obrigatórias, como benefícios previdenciários e abono salarial. A equipe econômica tenta reverter essa tesourada.">
A disputa por verbas para obras públicas retomou pressão tanto dentro do próprio governo como no bloco do centrão pela troca do ministro da Economia.>
Em conversas reservadas, relatadas à Folha, Bolsonaro sinalizou que, apesar da pressão contra Guedes, não pretende substituí-lo neste momento. O presidente, no entanto, tem se convencido da necessidade de fazer acenos ao centrão e de investir em obras públicas um ano antes da eleição presidencial.>
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