Publicado em 19 de fevereiro de 2022 às 09:40
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta sexta-feira (18) que a carne era mais barata nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e buscou justificar os preços elevados atualmente a outros problemas, como a pandemia da Covid-19.>
" 'Ah, no tempo do Lula você comprava carne mais barata'. Comprava sim, só que ele não enfrentou uma pandemia, não enfrentou endividamento de R$ 700 bilhões. Não enfrentou uma situação de emprego terrível no Brasil, pelo menos 40 milhões de pessoas viviam na informalidade. Não tinham carteira assinada", disse Bolsonaro durante a live semanal.>
No começo de fevereiro, o preço da carne voltou a subir no país, após sinais de trégua em outubro e novembro do ano passado. Segundo dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), os produtos tiveram altas em dezembro de 2021 e janeiro de 2022, com aumento de 0,90% e 1,15%, respectivamente.>
"'Ah, com o Lula era melhor'. Ele não enfrentou uma pandemia que eu enfrentei", repetiu o mandatário, em outro momento da transmissão no qual buscou justificar comparações entre os governos.>
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Antes de falar do preço da carne, Bolsonaro disse que, antigamente, uma mudança de regime ocorria pela força, com armas, e que hoje "está mais pela conversa mole". Apesar do comentário em tom crítico, Bolsonaro é defensor da ditadura militar (1964-1985).>
Assim, o chefe do Executivo disse ter preocupação e esperar que "o povo acorde". A declaração sobre o petista ocorreu também logo após ele reconhecer, mais uma vez, que pode não ser "o melhor cara do mundo", mas pediu que se observasse se a pessoa melhor que ele teria chances em uma "eleição limpa".>
Lula lidera as pesquisas de intenção de votos à Presidência. Além disso, como mostrou o Datafolha em dezembro, metade dos brasileiros consideram o petista o melhor presidente que o país já teve, bem à frente de Jair Bolsonaro.>
Segundo aferiu o instituto à época, Lula, que governou entre 2003 e 2010, é o líder no ranking dos ex-presidentes para 51% dos entrevistados, 40 pontos à frente de Bolsonaro, escolhido por 11%.>
Para analistas, as altas no preço da carne entre o final de 2021 e o começo de 2022 refletem uma combinação de fatores. Em parte, há efeitos sazonais, porque a demanda no mercado interno costuma ser aquecida com as festas de fim de ano.>
Além disso, também há reflexos do fim do embargo das exportações de carne bovina brasileira para a China, anunciado em 15 de dezembro. A medida estava em vigor desde o início de setembro, após o registro de dois casos atípicos de vaca louca.>
Foi justamente o embargo que, segundo analistas, havia feito os preços darem sinais de trégua para o consumidor brasileiro, já que a oferta de produtos ficou mais concentrada no mercado interno antes das festas de final de ano.>
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