Publicado em 10 de agosto de 2020 às 14:10
Não há motivos para alívio nos números brasileiros da epidemia de coronavírus, afirmou nesta segunda (10) a Organização Mundial da Saúde.>
De acordo com os dados da OMS, os novos casos diários estão num platô muito alto, entre 50 mil e 60 mil por dia, e a taxa de transmissão se elevou. Antes estimada em de 0,5 a 1,5 de acordo com a região, agora varia de 1,1 a 1,5, segundo a organização.>
Uma taxa de transmissão acima de 1 indica que o contágio está se acelerando no país (o indicador estima para quantas pessoas em média cada infectado transmite o coronavírus).>
"Todos os sinais são de transmissão comunitária sustentada e pressão constante sobre os sistemas de saúde", afirmou o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan. O país tem contabilizadas 101.049 mortes até esta segunda, com mais de 3 milhões de casos.>
>
De acordo com Ryan, a porcentagem de testes que dão positivo é de 20%, o que indica que o nível de testagem brasileiro está abaixo do ideal e o número total de casos, subnotificado. Em entrevistas anteriores, ele afirmou que essa porcentagem fica próxima de 5% nos países com programas intensivos de testagem, e que números muito elevados como o do Brasil indicam que há mais casos não detectados.>
Ryan afirmou também que "todo país é soberano para decidir como tratar a epidemia", mas não faz o menor sentido defender o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina para Covid-19, como tem feito o presidente Jair Bolsonaro: "Experimentos com todos os cuidados científicos já provaram que a droga é ineficaz".>
A OMS afirmou ainda que o sistema de saúde pública brasileira tem dado provas de resistência imensa, pois completa meses com alta porcentagem de ocupação e UTIs chegando a 80% ou 90% da capacidade em alguns estados.>
A OMS afirmou que já está claro, depois de quase nove meses de epidemia, que o novo coronavírus (Sars-Cov-2) é extremamente agressivo.>
"Sempre que se retira a pressão, ele volta", afirmou Ryan, para quem a única forma de combater a doença enquanto não houver vacina é, de um lado, testando todos os suspeitos, rastreando contatos e os isolando e, de outro, mantendo distanciamento físico, uso de máscaras e higiene das mãos e ao espirrar ou tossir.>
"O Brasil pode ter mais dificuldades para seguir essas orientações porque há muita gente vivendo em lugares apinhados, em pobreza. Essas comunidades precisam de apoio. Não bastam palavras. É preciso dar recursos e informação, para que elas possam reagir", afirmou Ryan.>
Em resposta logo a seguir, sobre qual é a estratégia do vírus se o considerarmos um "inimigo a combater", o diretor da OMS afirmou: "O vírus não raciocina, ele só quer se reproduzir. Pode ser brutal em sua simplicidade e em sua crueldade, mas nós, humanos, é que temos cérebro. Temos que ser capazes de vencer um organismo que não tem cérebro".>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta