Publicado em 7 de junho de 2021 às 16:29
As viagens do presidente Jair Bolsonaro já consumiram R$ 1,67 milhão neste ano até o dia 28 de maio, somente em diárias da equipe de segurança que o acompanha. Candidato à reeleição, Bolsonaro usou muitos compromissos agendados fora de Brasília para fazer política, como no último dia 23 de maio, um domingo, quando participou de um passeio com motociclistas, no Rio.>
Do total consumido com diárias dos homens do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) - R$ 1,67 milhão -, a maior parte (R$ 1,54 milhão) foi para militares. O Estadão apurou o valor usando a ferramenta Siga Brasil, do Senado, a partir de informações do próprio GSI, órgão ligado à Presidência da República.>
No Rio, o passeio de Bolsonaro com os motociclistas foi de aproximadamente 60 quilômetros, da Barra da Tijuca, na Zona Oeste da capital, até o Aterro do Flamengo, na Zona Sul. Ao final, o presidente subiu em um carro de som para discursar, acompanhado do ex-ministro da Saúde e general da ativa do Exército Eduardo Pazuello. Ambos estavam sem máscara de proteção contra coronavírus.>
Antes do Rio, Bolsonaro já havia circulado de moto com apoiadores, em Brasília, no dia 9 de maio. Militares do Gabinete de Segurança Institucional ouvidos pelo Estadão disseram, sob a condição de anonimato, que os passeios de moto de Bolsonaro foram um sucesso do ponto de vista logístico e de segurança, e devem se repetir.>
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A próxima "motocada" de Bolsonaro poderá ser em São Paulo (SP), no dia 12 de junho. Um evento chamado "Acelera Para Cristo em Apoio ao Presidente Bolsonaro e ao Voto Impresso" foi convocado por uma associação comercial e por um grupo de pastores evangélicos. Os organizadores do ato afirmaram que Bolsonaro participará. A Secretaria de Comunicação da Presidência disse não haver confirmação da presença dele.>
Em transmissão ao vivo pelas redes sociais no dia 27 de maio, Bolsonaro observou que "tem gente pedindo" novos passeios de moto. "Não marcamos nenhum ainda. Isso depende de conversar com o respectivo governador ou prefeito. Há um movimento muito forte. No próximo fim de semana, poderá ser Porto Alegre ou Belo Horizonte", destacou ele na "live".>
Para o presidente, o passeio no Rio foi "uma coisa excepcional", "sem viés político", embora ele esteja em campanha pelo segundo mandato. "Não tinha nenhuma bandeira vermelha, nenhuma foice ou martelo", disse Bolsonaro sobre a manifestação daquele domingo.>
Somente neste ano Bolsonaro já fez ao menos 22 viagens para fora de Brasília, a maioria delas para compromissos oficiais, como inaugurações de obras. Nem todas, porém, constam da agenda oficial do presidente. É o caso, por exemplo, do passeio motociclístico no Rio e da viagem a Santa Catarina para o recesso de carnaval, em fevereiro.>
Até agora, quase todos os deslocamentos foram dentro do Brasil: a única exceção foi a viagem à capital do Equador, Quito, na semana passada. Bolsonaro esteve no país andino para a posse do novo presidente, Guillermo Lasso. Na média, ele fez uma viagem a cada 6,7 dias.>
Ao sair de Brasília o presidente é sempre acompanhado por uma extensa comitiva de segurança, a cargo do Gabinete de Segurança Institucional, que é comandado pelo general da reserva do Exército Augusto Heleno Ribeiro.>
Militares que trabalham com Bolsonaro avaliam que o aparato de segurança precisa ser reforçado por causa do atentado sofrido por ele quando era candidato, em 6 de setembro de 2018. Na ocasião, Bolsonaro foi atingido por uma facada desferida por Adélio Bispo de Oliveira, enquanto participava de um comício em Juiz de Fora (MG).>
Em resposta ao Estadão, o GSI informou que "os gastos com a segurança presidencial estão previstos na Ação orçamentária 4693 - 'Segurança Institucional do Presidente da República e do Vice-Presidente da República, Respectivos Familiares, e Outras Autoridades'". Ao longo deste ano, a rubrica consumiu até o dia 28 R$ 4,64 milhões.>
Embora pareça elevada, a despesa com diárias é apenas uma pequena parte do custo das viagens presidenciais. Entram na conta, ainda, os gastos com hospedagem da comitiva, com os voos dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e com alimentação dos viajantes. Como parte destes valores é mantida sob sigilo, é impossível saber a quantia total despendida com as viagens presidenciais.>
É o caso dos gastos com voos. "O GSI não dispõe dos custos operacionais das missões realizadas pelas aeronaves da FAB em apoio à Presidência da República. Tais custos encontram-se classificados no grau de sigilo RESERVADO pelo Comando da Aeronáutica (Comaer), posto que se trata de tema de acesso restrito para os planos e operações estratégicos das Forças Armadas", destacou a pasta na resposta ao Estadão.>
Recentemente, os deputados federais Rubens Bueno (Cidadania-PR) e Elias Vaz (PSB-GO) levantaram informações que ajudam a ter uma ideia dos reais gastos da Presidência com viagens. Os quatro dias de recesso de Bolsonaro e convidados no carnaval deste ano, em Santa Catarina, por exemplo, custaram R$ 1,79 milhão aos cofres públicos, quando somados todos os custos.>
A informação foi obtida pelos deputados por meio de um requerimento de informações direcionado ao GSI. Só com o transporte aéreo em aviões da FAB o valor consumido foi de R$ 1,01 milhão.>
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