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Moro pede que juízes não soltem presos por corrupção durante pandemia

Moro pede que juízes não soltem presos por corrupção durante pandemia

Em uma transmissão ao vivo pela internet organizada pela AMB (Associação de Magistrados do Brasil), o ex-juiz da Lava Jato afirmou que, por conta da crise, há casos "isolados" de presos perigosos sendo soltos

Publicado em 8 de abril de 2020 às 20:19

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Ministro da Justiça Sergio Moro
Ministro da Justiça Sergio Moro. (IsaacAmorim/MJ)

O ministro Sergio Moro (Justiça) pediu nesta quarta (8) para que juízes evitem soltar presos por corrupção ou outros crimes contra a administração pública por conta da pandemia do novo coronavírus.

Em uma transmissão ao vivo pela internet organizada pela AMB (Associação de Magistrados do Brasil), o ex-juiz da Lava Jato afirmou que, por conta da crise, há casos "isolados" de presos perigosos sendo soltos.

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) publicou, em março, uma recomendação trazendo medidas para a contenção do avanço da pandemia no sistema carcerário brasileiro.

Entre elas, a possibilidade de medidas alternativas à prisão em casos de crimes não violentos ou quando a superlotação prisional apresentar um risco ao detento.

"Pontualmente tem havido equívocos na aplicação. E digo isso com todo respeito à magistratura", afirmou Moro, em relação à cartilha.

O documento do CNJ diz ainda que presos com o perfil mais vulnerável à pandemia, como idosos, portadores de doenças crônicas, imunossupressoras, respiratórias e outras comorbidades, devem ter seus casos revistos.

"É importante que seja verificada a situação de cada um dos presos e evitada a colocação de presos perigosos. Eu coloco nesse rol pessoas de crimes de grave violência à pessoa, facções criminosas e agregaria pessoas que foram presas por graves crimes contra a administração pública", afirmou o ministro.

"Não podemos esmorecer em relação ao desvio da administração pública. Pode gerar um certo sentimento de impunidade ou afronta", disse.

O ministro disse ainda que é "louvável" que recursos oriundos de corrupção sejam destinados ao combate à pandemia.

Um dos beneficiados pela orientação do CNJ foi o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), 61. A juíza federal substituta Gabriela Hardt, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, colocou, no último dia 26, Cunha em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica por causa da pandemia.

"Considerando a excepcional situação de pandemia do vírus Covid-19, por se tratar o requerente de pessoa mais vulnerável ao risco de contaminação, considerando sua idade e seu frágil estado de saúde, substituo, por ora, a prisão preventiva de Eduardo Consentino da Cunha por prisão domiciliar, sob monitoração eletrônica", diz trecho da decisão.

A juíza disse que a medida era "absolutamente excepcional" e que "até segunda ordem, será mantida somente enquanto presente o risco epidemiológico ou o justifique o estado de saúde."

Cunha estava preventivamente desde outubro de 2016.

Moro ainda voltou a defender o isolamento social como uma das medidas para evitar a propagação do vírus.

"O isolamento e a quarentena de certa maneira são necessárias para conter o vírus", disse.

O ministro foi um dos membros do primeiro escalão a defender internamente as recomendações feitas pelo ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde). Seu posicionamento irritou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Para Moro, é possível que os efeitos da pandemia na economia levem a uma onda de violência, mas que os cenários ainda são muito indefinidos.

"É preciso de cuidado para não vir uma onda no campo da segurança pública", afirmou, completando: "Temos que prevenir o coronavírus, mas temos que pensar para evitar uma crise de segurança".

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