Publicado em 13 de abril de 2020 às 18:16
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou nesta segunda-feira (13) que ninguém pode estar preocupado com a popularidade durante a pandemia do novo coronavírus. >
Em entrevista ao site Jota, Moro foi questionado sobre se um abalo na imagem do presidente Jair Bolsonaro por conta da sua atuação na crise não poderia prejudicar a avaliação do seu trabalho.>
"Não existe ninguém em sã consciência preocupado com popularidade. Com o presente momento, todos estão preocupados em fazer os seus trabalhos num momento de crise dessa espécie. É claro que isso não tem importância", afirmou o ex-juiz da Lava Jato.>
De acordo com a última pesquisa Datafolha, realizada dos dias 1º a 3 de abril, 39% da população rejeitam a atuação do presidente na gestão da crise. Outros 33% aprovam, e 25% a consideram regular.>
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Já o trabalho do Ministério da Saúde e o de governadores e prefeitos têm avaliação muito mais positiva.>
A pasta comandada por Luiz Henrique Mandetta tem o desempenho considerado ótimo ou bom por 76% dos entrevistados. Já em relação aos chefes estaduais a avaliação positiva chega a 58%.>
Na entrevista ao Jota, Moro evitou criar conflitos quando questionado sobre a atuação do presidente, de governadores e de membros do STF (Supremo Tribunal Federal).>
O ministro da Justiça afirmou que o uso de geolocalização para monitorar aglomerações pode representar um risco, mas que a medida deve ser analisada com calma.>
O governo federal, por meio do Ministério da Ciência e Tecnologia, assinou no início deste mês um acordo com cinco grandes operadoras de telecomunicações para usar dados anonimizados de celulares a fim de monitorar a população.>
Moro pediu cautela às autoridades públicas para fazer o uso de uma sanção administrativa para fechar um determinado negócio ou para prender alguém que viole o isolamento social pedido pelas autoridades de saúde.>
No último sábado (10), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que poderia recorrer a medidas mais duras, como prisão e multa, se a população não respeitar as regras de quarentena nos próximos dias.>
"Ninguém quer que as pessoas sejam presas pela pandemia", afirmou Moro.>
No início da pandemia no Brasil, Moro e Mandetta editaram uma portaria que trata da obrigação de quarentena a pessoas suspeitas de estarem contaminadas pelo novo coronavírus, como forma de tentar conter o avanço da Covid-19.>
A portaria trata da responsabilização penal de indivíduos que descumpram as determinações e dispõe sobre a autorização do uso da polícia para que as determinações sejam cumpridas.>
Entre essas situações está a possibilidade de gestores locais do SUS (Sistema Único de Saúde), profissionais de saúde e agentes de vigilância epidemiológica solicitarem "força policial nos casos de recusa ou desobediência" por parte de pessoa que deve ser submetida à quarentena.>
"São casos pontuais já previstos no Código Penal", ressaltou Moro na entrevista.>
O ministro afirmou que o STF e o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) têm atuado de maneira independente, mas que em determinados casos seria bom ouvir o Executivo.>
O CNJ editou uma recomendação que orienta juízes a reverem a necessidade de prisão a pessoas de grupos de risco à Covid-19 e de indivíduos com menor potencial delitivo. Moro é crítico da medida.>
"Pontualmente, em algumas decisões do Supremo ou magistrados de primeira instância que querendo resolver uma questão geram outra como fechamento de aeroportos. A gente compreende as medidas sendo tomadas no contexto. A minha recomendação seria ouvir o Executivo antes de fazer interferências.">
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