Publicado em 11 de outubro de 2024 às 19:31
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ordenou a instauração de uma auditoria para investigar o sistema de transplantes no Rio de Janeiro e verificar possíveis irregularidades na contratação do laboratório responsável pelos exames.>
Pacientes que estavam na fila de transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro receberam órgãos contaminados pelo HIV e, posteriormente, receberam resultado positivo para o vírus da Aids. Até o momento houve a confirmação de infecção por HIV de dois doadores e seis receptores.>
A auditoria será realizada pelo Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS). Além disso, a pasta solicitou a interdição cautelar do Laboratório PCS LAB Saleme/RJ, cuja unidade operacional fica no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro.>
O episódio ocorreu em testes realizados por um laboratório privado, contratado pela Fundação Saúde, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, para atendimento ao programa de transplantes no estado.>
>
"Até o momento tivemos a confirmação de que dois doadores tiveram novo teste positivo para HIV e seis receptores tiveram teste positivo para HIV. Essa situação nos leva a uma providência imediata, prestaremos toda a assistência a essas pessoas", disse a ministra.>
"Quero aqui além da solidariedade, reforçar esse compromisso do Ministério da Saúde. Temos o compromisso de garantir a segurança, efetividade, e qualidade que são marcas indiscutíveis do transplante no Brasil", acrescentou.>
O Ministério da Saúde também determinou que a testagem de todos os doadores de órgãos no Rio de Janeiro voltasse a ser feita exclusivamente pelo Hemorio. Além de solicitar a retestagem do material de todos os doadores de órgãos feita pelo laboratório para identificar possíveis novos casos.>
Mais cedo, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro classificou o ocorrido como "inadmissível" e ressaltou que se trata de uma situação sem precedentes.>
Por conta disso, uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados. O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso logo após a ciência do caso e foi interditado cautelarmente.>
Por necessidade de preservação das identidades dos doadores e transplantados, bem como do encaminhamento da sindicância, não divulgaram detalhes das circunstâncias.>
"Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas", disse a pasta.>
O laboratório PCS LAB informou, em nota, que comunicou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados em amostras de sangue de doadores de órgãos entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período no qual prestou serviços à Fundação de Saúde do Estado.>
A empresa destacou que, durante esses procedimentos, foram utilizados os kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).>
Além disso, o laboratório anunciou a abertura de uma sindicância interna para apurar eventuais responsabilidades. Afirmou ainda que oferecerá suporte médico e psicológico tanto aos pacientes infectados com HIV quanto a seus familiares, e que está à disposição das autoridades policiais, sanitárias e de classe envolvidas nas investigações.>
Laboratório PCS LAB
Em notaEntre os proprietários do laboratório responsável pelos testes estão Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira e Walter Vieira. Matheus é primo do deputado Dr. Luizinho (PP-RJ), enquanto Walter é casado com a tia do parlamentar.>
Durante o período em que Dr. Luizinho ocupou o cargo de secretário de Saúde do Rio de Janeiro, de janeiro a setembro de 2023, o laboratório começou a receber recursos do governo estadual.>
Em nota, o deputado lamentou o que chamou de "situação gravíssima e inaceitável". Ele também afirmou que, enquanto foi secretário, manteve a equipe do Programa Estadual de Transplantes da gestão anterior e não participou da escolha de laboratórios.>
Segundo ele, a contratação do laboratório ocorreu em dezembro de 2023, quando já não ocupava mais o cargo, por meio de uma concorrência pública realizada pela Fundação Saúde, que possui gestão independente e segue regras de pregão eletrônico, sujeita à fiscalização dos órgãos de controle.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta