Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 15:38
- Atualizado há 5 anos
Com o aumento súbito da demanda por oxigênio e baixa oferta nos hospitais em Manaus, médicos que atuam no tratamento de pacientes com Covid-19 relatam que estão tendo que escolher quais paciente serão assistidos. >
Profissionais que atuam no HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas) relatam que a falta de oxigênio na unidade, que se agravou entre a madrugada e o início da manhã desta quinta-feira (14), resultou na morte de seis pacientes nas primeiras horas do dia.>
Eles alertam que mais óbitos podem ocorrer ao longo do dia, uma vez que o estoque de oxigênio da unidade deve durar apenas mais algumas horas.>
O mesmo pode acontecer em outras unidades, como Serviços de Pronto Atendimento e o Hospital 28 de Agosto, uma das unidades de referência para Covid-19, onde o estoque de oxigênio também não deve durar até o fim do dia, contam médicos.>
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A demanda por oxigênio da rede estadual de saúde, que era de cerca de 30 mil metros cúbicos por por dia em abril de 2020, no primeiro pico da pandemia, chegou a 76 mil metros cúbicos nesta quarta-feira (13).>
Profissionais de saúde estão usando as redes sociais para pedir doações de cilindros de oxigênio para a população.>
"A gente está sem oxigênio para os pacientes, a previsão é que acabe em duas horas. Já tivemos baixas de pacientes, então quem tiver oxigênio em casa sobrando, por favor, traga aqui para hospital", desabafou em um vídeo o médico intensivista do HUGV, Anfremon D'Amazonas Monteiro Neto.>
Outro médico que trabalha no HUGV relatou à reportagem que as primeiras horas do dia na unidade foram de tensão, após o nível de oxigênio atingir nível crítico, afetando todos os pacientes internados que utilizavam respiradores.>
"Hoje é o pior dia do hospital desde o início da pandemia", relatou o profissional, que é residente na unidade.>
Ele contou que, por volta de 8h desta quinta (14), o nível de oxigênio no HUGV chegou ao ponto mais crítico, levando a óbito cinco pacientes que estavam em ventilação mecânica no CTI e um que estava internado na enfermaria.>
"A situação se agravou de uma forma muito rápida. É muito complicado, porque quando a rede de oxigênio baixa, todos os pacientes sofrem ao mesmo tempo, então você acaba tendo que priorizar pelo prognóstico, temos que escolher quem vai ser assistido", relatou.>
O médico diz ainda que a escassez de oxigênio preocupa ainda mais pelo fato de o HUGV ser a unidade de saúde preparada para desafogar os hospitais de referência para Covid-19, que estão perto da lotação máxima para leitos de UTI.>
Os cilindros de oxigênio doados por outras unidades, públicas e privadas, e pela própria população ao HUGV na manhã desta quinta, conta o profissional de saúde, não serão suficientes para garantir o atendimento até o fim do dia.>
"Temos cilindros de oxigênio que vão durar algumas horas, mas ainda não sabemos quando a rede vai ser restabelecida", disse.>
Outra médica contou que, mesmo sem ser o plantão dela, foi para o HUGV na manhã desta quinta (14), após receber mensagens com pedidos de socorro de profissionais de saúde que atuam na unidade e ficaram desesperados com a falta de oxigênio.>
A preocupação, explica ela, é com os pacientes graves, que estão na UTI com uso de respirador, equipamento que não funciona perfeitamente sem oxigênio no nível adequado.>
Sem oxigênio, os pacientes precisam ser "ambusados", ou seja, dependem de uma pessoa manusear o ambu (aparelho manual de ventilação) de forma ininterrupta.>
O presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mauro Vianna, denunciou que a situação do HUGV está se repetindo em outras unidades de saúde da capital, onde "pacientes que precisam de oxigênio estão sendo ambusados, mantidos vivos pelo esforço dos profissionais médicos, enfermeiros e técnicos".>
Vianna afirmou que os profissionais de saúde alertaram para essa situação, que ele classificou como terrível, e defendeu uma "operação de guerra" para repor o estoque dos hospitais de Manaus antes que todos fiquem sem oxigênio.>
"Transportar oxigênio de outros estados em caráter de guerra é uma necessidade para salvar vidas. E que Deus nos ajude".>
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