Publicado em 5 de junho de 2023 às 12:34
BRASÍLIA - O presidente Lula recebeu na manhã desta segunda-feira (5) o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), para um café da manhã no Palácio da Alvorada.>
O encontro acontece após uma semana de embates entre o Planalto e o comanda da Casa Legislativa, com críticas à articulação política e pedido de uma reforma ministerial para abrir espaço para partidos de centro.>
Lula ainda terá uma reunião no fim da tarde com líderes do Congresso Nacional, que votaram a favor da medida provisória que reestruturou a Esplanada dos Ministérios, em mais uma sinalização de que aumenta sua participação na articulação política.>
O encontro com Lira não constava na agenda oficial do mandatário. O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), alvo das críticas de Lira, não participou do encontro.>
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Lira afirmou que recebeu um telefonema de Lula no dia anterior, convidando para o café da manhã. Eles trataram, segundo o deputado afirmou à CNN, de uma "arrumação mais efetiva da base do governo na Câmara e no Senado". E acrescentou que o governo começa a se organizar nesta semana.>
"Eu penso que o presidente está se movimentando e é importante que ele se movimente em detrimento de tudo que se tem dito, das dificuldades da articulação e as críticas que são feitas. O governo tem hoje uma noção exata de quais são essas dificuldades para que a gente possa ter um encaminhamento que as matérias possam ser discutidas com tranquilidade", afirmou Lira.>
O presidente da Câmara também defendeu que o governo marque reuniões com líderes partidários e dirigentes das legendas para que seja possível medir o tamanho real da bancada governista no Congresso, para não se ter "negociações setorizadas, individualizadas sobre essa ou aquela matéria".>
Líderes de partidos que votaram a favor da medida provisória da reestruturação da Esplanada foram chamados para uma reunião no Palácio do Planalto, às 17h. O objetivo seria se aproximar das bancadas, tendo como pretexto agradecer pela votação da semana anterior.>
Além disso, devem tratar das próximas prioridades do governo, como o Minha Casa Minha Vida.>
Há a expectativa que Lula também se reúna com líderes do Senado, na sequência, às 18 horas.>
"E nós esperamos que dessa reunião o presidente possa ouvir, escutar, saber o que já sabe, porque todos os problemas inerentes à base do governo, que é atribuição da articulação, das lideranças do governo, ele precisa normalizar", afirmou Lira na entrevista, acrescentando que a sua conversa com Lula foi de caráter institucional, sobre decisões que precisam ser tomadas para que o governo tenha "tranquilidade".>
"Depois da semana passada, de muita agonia, essa semana o governo começa a tentar se organizar e contará sempre com a boa vontade dos líderes da Câmara para ouvir e conversar a respeito dessa estabilização. Lógico que depende muito mais do governo do que do congresso nacional", completou.>
A reunião ocorre também dias após a Polícia Federal ter cumprido mandados de prisão e de busca e apreensão contra aliados de Lira em uma investigação sobre desvios em contratos para a compra de kits de robótica com dinheiro do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).>
O caso teve origem em reportagem da Folha de S.Paulo publicada em abril do ano passado sobre as aquisições em municípios de Alagoas, todas assinadas com uma mesma empresa pertencente a aliados de Lira.>
O Planalto e a Câmara dos Deputados viveram dias tensos na semana passada, com a ameaçada da derrubada da medida provisória que reestrutura a Esplanada dos Ministérios. O texto depois foi aprovado, mas em meio a ataques contra a articulação política e pedidos de mudanças nos ministérios.>
Às vésperas da votação do texto, Lira falou em uma "insatisfação generalizada". "O problema não é da Câmara, não é do Congresso. O problema está no governo, na falta ou na ausência de articulação", disse Lira.>
Arthur Lira
Presidente da Câmara dos DeputadosQuase seis meses após tomar posse, Lula assistiu nos últimos dias à demonstração mais contundente de insatisfação da Câmara dos Deputados com o governo e correu o risco de ver boa parte do desenho que fez para os seus ministérios ser apagada.>
Na avaliação de parlamentares ouvidos pela reportagem, esse momento pode ter representado um divisor de águas na relação do governo com a Câmara. Os próximos passos, segundo deputados e integrantes do governo, definirão a relação que Lula terá com Lira.>
O Palácio do Planalto sabe que hoje não tem votos suficientes para aprovar medidas de interesse sem a influência do presidente da Câmara. Segundo Lira e o próprio Lula, o Planalto tem asseguradas cerca de 130 de 513 cadeiras no plenário embora a base com partidos que integram o governo seja maior.>
De agora em diante, avaliam deputados, Lula terá de agir para reparar as arestas em sua articulação política e dar celeridade à liberação de emendas e nomeações de cargos regionais as duas principais demandas dos congressistas sob pena de sofrer mais derrotas na Casa.>
Para além disso, um pedido recorrente de parlamentares é por prestígio e para que Lira seja mais empoderado.>
Isso significa também abrir espaço na máquina federal para outras legendas, como PP, Republicanos e até o PL, que apoiaram a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) em 2022 — alguns no primeiro, outros no segundo escalão.>
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