Publicado em 18 de novembro de 2021 às 19:02
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quinta-feira (18) não ver espaço no texto da PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios aprovado pelos deputados para conceder aumento salarial a servidores federais, como afirmou o presidente Jair Bolsonaro.>
Ao final de reunião de líderes partidários realizada nesta quinta, o deputado disse não ver essa folga orçamentária. "Eu absolutamente não vi esse espaço, não conheço esse espaço, os números que foram apresentados pela Economia para a Câmara dos Deputados não previam esse aumento", afirmou.>
"Eu penso que aquele portfólio de custos que foi amplamente divulgado para a imprensa, [que] ele possa ser honrado para que a gente tenha a fidedignidade de o que foi acertado nas discussões de plenário ser mantido na votação da PEC", continuou. "Eu não me lembro pelo menos, a não ser que esteja errado, que tenha algum tipo de espaço para dar aumento a funcionários naquela proporção da abertura do espaço orçamentário.">
Em Manama, capital do Bahrein, onde participou de evento empresarial, Bolsonaro afirmou que pretendia usar uma parte da folga fiscal gerada pela eventual aprovação da PEC para conceder o reajuste.>
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"A inflação chegou a dois dígitos. Conversei com o [ministro da Economia] Paulo Guedes, e em passando a PEC dos Precatórios, tem que ter um pequeno espaço para dar algum reajuste. Não é o que eles [servidores] merecem, mas é o que nós podemos dar", afirmou.>
"Por causa da inflação, os servidores estão há dois anos sem reajuste. Com a questão da pandemia, isso [aumento] até se justifica, porque muita gente perdeu o emprego ou teve até seu salário reduzido.">
Apesar das declarações do presidente, técnicos do Ministério da Economia alertam que a medida exigirá corte de despesas em outras áreas e apontam uma série de travas legais que devem limitar esse aumento salarial.>
Na quarta (17), o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, afirmou que o espaço orçamentário a ser gerado em 2022 pela PEC dos Precatórios para elevar salários de servidores vai tirar recursos de outras políticas públicas.>
Lira se reuniu mais cedo com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com o relator da PEC no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). O deputado disse que o clima para votação da proposta na Casa vizinha era "muito positivo.">
"Houve muitas sugestões, como é normal, mas penso que alguns ajustes ali propostos possam ainda mais aprimorar a PEC. E vamos esperar o resultado. Deve ser na CCJ [comissão de Constituição e Justiça] na semana que vem e no plenário no dia 30. Daqui para lá, trabalhar para que ocorra votação tranquila e que possam ser preservados pontos importantes", disse.>
Ele disse esperar que o texto da Câmara seja mantido em 95%, 96%. "Acho que a Câmara já trabalhou muito este ano, já votou muitas matérias difíceis e espero não ter mais uma vez esse trabalho no plenário. Mas, se tiver, nós temos que estar prontos para terminar a votação dessa PEC, que é importante.">
O presidente da Câmara voltou a defender que a reforma administrativa está pronta para ser votada pelo plenário dos deputados, mas ressaltou que isso depende de esforço do governo. "Ela está pronta para plenário a qualquer momento, mas ela só virá a plenário quando houver mais ou menos convergência de forças para que se torne possível, sem nenhum tipo de açodamento com relação à discussão no plenário", afirmou.>
Lira comentou ainda o projeto de resolução para dar mais transparência às emendas de relator e afirmou que há uma convergência com o Senado sobre o tema. "Não pode um projeto de resolução comum às duas Casas, de Câmara e Senado, para alterar uma resolução comum às duas Casas, não ser convergente.">
Ele afirmou que Pacheco está mantendo conversas para resolver a questão e disse que a alternativa é que as emendas de relator se transformem em emendas discricionárias. "Aí governo federal vai pagar a quem quiser, quando quiser, quanto quiser e de acordo como quiser sem nenhum tipo se fiscalização de que quer fiscalizar", afirmou.>
"Eu penso que o bom senso vai imperar, nós não temos nenhum motivo para não ter transparência. O que se faz hoje e em 2020 foi feito obedecendo uma lei aprovada no plenário do Congresso Nacional e na comissão de orçamento. Sem celeumas, com tranquilidade, o presidente do Congresso Nacional vai cumprir seu papel e, na próxima semana, eu penso que nós já podemos ter posições conjuntas, convergentes, das duas Casas, com relação a esse tema.">
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