Publicado em 4 de março de 2021 às 17:32
- Atualizado há 5 anos
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski autorizou, nesta quinta-feira (4), o compartilhamento de mensagens de procuradores da Operação Lava Jato com o STJ (Superior Tribunal de Justiça). >
O presidente da Corte, Humberto Martins, abriu inquérito para averiguar suposta tentativa de integrantes da força tarefa de investigar e intimidar ilegalmente magistrados do STJ que não estavam alinhados com os métodos da Lava Jato.>
Em diálogos que já vieram a público, o procurador Deltan Dallagnol escreve: "A RF [Receita Federal] pode, com base na lista, fazer uma análise patrimonial, que tal? Basta estar em EPROC [processo judicial eletrônico] público. Combinamos com a RF". Em seguida, ele emenda: "Furacão 2". Seria uma referência à Operação Furacão, que em 2007 atingiu o ministro do STJ Paulo Medina.>
O procurador Diogo Castor de Mattos, que também integrava a força-tarefa na ocasião, responde: "Felix Fischer [também magistrado da corte, e tido como alinhado aos lava-jatistas] eu duvido. Eh um cara serio (sic)".>
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Os diálogos foram arrecadados em outra operação policial, a Spoofing, que investiga a invasão de telefones de autoridades por hackers.>
Os procuradores da Lava Jato não reconhecem a autenticidade das conversas. Afirmam que elas foram obtidas por meios criminosos e que podem ser editadas e tiradas de contexto.>
Lewandowski permitiu que a defesa do ex-presidente Lula tivesse acesso a todo o conteúdo, para ser usado na ampla defesa do petista. Os advogados reclamavam que estavam sendo impedidos de consultar o material, que teria provas que beneficiam o petista.>
A decisão de Lewandowski foi confirmada pela 2ª Turma do STF.>
Desde então, a defesa de Lula tem analisado as mensagens e enviado seu conteúdo ao Supremo.>
Em um dos relatórios protocolados estavam as mensagens de procuradores que citavam ministros do STJ.>
Ao autorizar o compartilhamento dos diálogos com o STJ, Lewandowski afirmou que "a Constituição Federal garante a todos o direito de "receber dos órgãos públicos informações de seu interesse, ou de interesse coletivo ou geral [...], ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado".>
A investigação do STJ gerou reação no Ministério Público Federal (MPF).>
O procurador-geral da República, Augusto Aras, diz que ela é extremamente "grave" e "preocupante". Ele defende que o STJ não tem atribuição legal para investigar integrantes do MPF.>
Nesta semana, Lewandowski já havia permitido ao TCU (Tribunal de Contas da União) que tivesse acesso às mensagens da Lava Jato. O tribunal investiga suposto conflito de interesses na contratação de Sergio Moro pela Alvarez & Marsal, administradora judicial das empresas do Grupo Odebrecht.>
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