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"Leilão" por Rodrigo Garcia antecipa disputa no PSDB por sucessão de Doria

"Leilão" por Rodrigo Garcia antecipa disputa no PSDB por sucessão de Doria

O nome de Geraldo Alckmin ganhou força para tentar voltar ao cargo, entretanto, aliado de Doria, Garcia foi convidado pelo governador para entrar no PSDB

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 15:14- Atualizado há 3 anos

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O governador do Estado de São Paulo, João Doria, participa de Entrevista (presencial + virtual) com Wall Street Journal com Shamanta Person.
O governador do Estado de São Paulo, João Doria, participa de Entrevista (presencial + virtual) com Wall Street Journal com Shamanta Person. (Governo do Estado de São Paulo)

O "leilão" entre DEM e PSDB pela filiação do vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) antecipou uma disputa entre os tucanos paulistas pela sucessão de João Doria ao Palácio dos Bandeirantes. Diante do impasse, o nome do ex-governador Geraldo Alckmin ganhou força para tentar voltar ao cargo.

Aliado de Doria, Garcia foi convidado pelo governador para entrar no PSDB após o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), anunciar que deixará o DEM. A crise foi deflagrada após a legenda se aproximar do Palácio do Planalto e liberar sua bancada para apoiar o nome de Jair Bolsonaro, Arthur Lira (PP-PI), à presidência da Casa.

Se Doria deixar o cargo para concorrer à Presidência em 2022, Garcia vai comandar o Estado por pelo menos 8 meses e tentará a reeleição.

Depois de receber menos de 5% dos votos na disputa presidencial de 2018, o ex-governador Geraldo Alckmin já se movimenta para ser o candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes. Sem ocupar cargo público nesse momento, o tucano tem procurado dirigentes e políticos do PSDB para defender que a sigla tenha candidato próprio para a sucessão paulista e realize prévias caso mais de um nome se apresente para a vaga.

Pelo projeto original de Doria, porém, os tucanos abririam mão de lançar um nome próprio e apoiar o vice, Rodrigo Garcia. Em troca, Garcia articularia o apoio nacional do DEM ao candidato do PSDB.

Em 2018, o próprio Alckmin tentou um movimento semelhante para que a legenda apoiasse seu vice, Márcio França (PSB), mas a iniciativa desencadeou um forte movimento contra o pessebista que culminou com a candidatura de Doria. Prevendo uma disputa fratricida no partido, o governador passou então a trabalhar para que Garcia ingresse no PSDB e Alckmin dispute o Senado.

"O PSDB precisa estar na disputa. Rodrigo (Garcia) pode ser o nome e pavimentar esse caminho se entrar no partido. Se isso não ocorrer, o PSDB deve fazer prévias", disse o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, que também integra a executiva nacional da legenda.

O cenário eleitoral em São Paulo foi tema de um almoço, no início de fevereiro, no Palácio dos Bandeirantes, que reuniu Doria, Alckmin, Garcia, o presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, e o chefe de gabinete do governador, Wilson Pedroso.

Reservadamente, interlocutores de Doria admitem que Alckmin será ungido pela base do partido se Garcia permanecer no DEM e disputar a reeleição no cargo. Nesse caso, o governador teria de se dividir entre dois palanques em São Paulo, o que é considerado o pior cenário.

"Geraldo (Alckmin) é um quadro de importância fundamental para o PSDB. Ele será ouvido e valorizado sempre. Rodrigo Garcia, por sua vez, é um quadro brilhante, com a relação de uma vida toda junto com o PSDB. Crescemos muito sob a liderança do governador João Doria e fortalecemos novas lideranças que reúnem total condições para no futuro darem sua contribuição em projetos majoritários", disse ao Estadão o presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, que também é secretário de Desenvolvimento Regional de São Paulo.

JUSTIÇA

O nome de Alckmin ganhou força após a Justiça de São Paulo extinguir definitivamente um processo em que o ex-governador e mais 29 pessoas, entre elas funcionários da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), eram acusados pelo Ministério Público de improbidade administrativa no contrato assinado para a construção dos trechos Leste e Sul do Rodoanel.

O ex-governador, entretanto, é réu na Justiça Eleitoral de São Paulo em denúncia do Ministério Público por falsidade ideológica eleitoral (caixa dois), corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de receber R$ 11,3 milhões da Odebrecht durante as campanhas eleitorais de 2010 e 2014.

A estratégia de Doria de atrair Garcia ao PSDB esbarra no esforço do DEM para mantê-lo no partido. Em um jantar em São Paulo no início da semana, o presidente nacional do partido e ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, argumentou que a ida do vice para o PSDB dificultaria as tratativas para um eventual apoio do DEM a Doria em 2022.

Em outra frente, pelo menos quatro quadros do PSDB já são apontados no partido como concorrentes à vaga de candidato a vice governador ou potenciais concorrentes nas prévias se Garcia entrar na legenda: Vinholi e os prefeitos de São Bernardo, Orlando Morando, de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, e o ex-prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa.

Procurados pela reportagem, o ex-governador Geraldo Alckmin e o vice-governador Rodrigo Garcia não quiseram se manifestar.

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