Publicado em 10 de setembro de 2020 às 15:28
A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal, deflagrou na manhã desta quinta-feira (10) a 74ª Fase da Operação Lava Jato que apura um suposto esquema de fraudes em operações de câmbio comercial contratadas pela Petrobras com o Banco Paulista. >
Segundo a PF, entre 2018 e 2011 foram movimentados mais de R$ 7 bilhões em compra e venda de moeda estrangeira. As investigações apontam ainda corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e associação ou organização criminosa. A estimativa de prejuízo para os cofres públicos pode chegar a mais de US$ 18 milhões. As penas relativas aos crimes investigados podem ir de 33 a 38 anos de reclusão.>
Apelidada de Sovrapprezzo (sobrepreço em italiano), a operação investiga suposta lavagem de dinheiro em movimentações no país e no exterior por meio de off shores, subfaturamento na aquisição de imóveis e negócios, uso de intermediários em movimentações de capitais, uso de contratos de fachada de prestação de serviços entre o banco e empresas dos colaboradores envolvidos, assim como o grau do vínculo mantido por todos.>
O banco afirma que as investigações são sobre uma área já extinta e que a atual gestão desconhece as operações investigadas.>
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A Petrobras diz que colaborou com as autoridades.>
Foram expedidos 25 mandados de buscas e apreensão, sendo 6 em na cidade de São Paulo, 3 em Teresopólis (RJ) e 16 no Rio de Janeiro. Não há mandados de prisão.>
A Justiça Federal determinou o bloqueio de ativos financeiros dos investigados em contas no Brasil e no exterior, até o limite de R$ 97,065 milhões.>
Ainda de acordo com as investigações, o esquema consistia em troca de propinas que eram divididas entre os funcionários da Petrobras e do Banco Paulista.Os envolvidos, diz a PF, sobretaxavam operações acima dos valores de mercado para inflar o spread (lucro) do banco. A PF estima que foram mais de US$ 18 milhões nesses preços a mais pagos pelas operações.>
Procurado pela reportagem, o Banco Paulista diz que o objeto da operação seriam operações de sua extinta área de câmbio relativas ao período de 2008 a 2011, que já foram verificadas anteriormente. O banco ainda informa que a atual gestão desconhece as operações investigadas.>
Em nota, a Petrobras informou que conduz apurações internas e neste caso especificamente "colaborou ativamente com as autoridades nos trabalhos de investigação e forneceu subsídios que resultaram nessa operação".>
Em junho de 2019, os ex-executivos do Banco Paulista Tarcísio Rodrigues Joaquim, Gerson Luiz Mendes de Brito e Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto foram alvos da Operação Lava Jato investigados por supostos crimes de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.>
Segundo o Ministério Público Federal, grupo ligado ao banco detinha o controle societário do Meinl Bank, instituição financeira do Caribe, para onde a Odebrecht mandava e movimentava dinheiro ilícito. De acordo com os procuradores, os sócios do banco estrangeiro ganhavam uma comissão de 2% sobre cada ingresso de valores nas contas operacionais da empreiteira.>
A comissão destinada ao grupo do banco seria depositada em uma conta ligada a uma offshore de Olívio Rodrigues. Ele seria o responsável por distribuir a verba em contas no exterior e no Brasil, por intermédio de doleiros e do Banco Paulista.>
Segundo a denúncia, os executivos do banco tinham como papel dar aparência legal aos recursos, efetuando pagamentos, que teriam somado R$ 52,2 milhões apenas entre 2007 e 2015, em favor de sete empresas de fachada, controladas pelos próprios envolvidos. Para esconder os crimes, eles também teriam fraudado os demonstrativos do banco no período.>
Segundo os investigadores, em troca, os executivos recebiam, no exterior, recursos do setor de operações estruturadas da Odebrecht, que, conforme a Lava Jato, era o gestor de propinas da empresa.>
Soares e Migliaccio, entre outros operadores financeiros, também teriam auxiliado na dissimulação e ocultação da propina, recebendo comissões por essa atuação. O repasse, segundo a denúncia, se dava por atos de lavagem de dinheiro.>
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