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Indígenas dizem ter sido atacados pelo governo em 1ª reunião sobre coronavírus

Indígenas dizem ter sido atacados pelo governo em 1ª reunião sobre coronavírus

Segundo os presentes, os ataques vieram do ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno, e pelo secretário de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva

Publicado em 18 de julho de 2020 às 08:59

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Data: 30/12/2018 - ES - Aracruz - Reportagem Especial Culturas. Tribos indígenas Guaranis e Tupiniquins - Editoria: Caderno Dois - Foto: Ricardo Medeiros - GZ
Indígenas dizem ter sido atacados pelo governo Bolsonaro em 1ª reunião de gabinete sobre coronavírus. (Ricardo Medeiros)

Instalada por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, a sala de situação para a gestão de ações de combate à pandemia quanto a povos indígenas teve sua primeira sessão nesta sexta-feira (17). E foi considerada um fracasso pelas associações indígenas participantes.

A sala de situação é uma espécie de gabinete de crise constituído para tratar do problema da pandemia no contexto dos povos indígenas em isolamento ou contato recente. Ela conta com a participação de comunidades indígenas, representantes do governo federal, da Procuradoria Geral da República (PGR) e da Defensoria Pública da União (DPU).

Segundo os relatos dos representantes indígenas, após a fala de abertura, feita por Barroso, eles passaram a ser alvos de ataques e ofensas por parte de membros do governo Jair Bolsonaro (sem partido), especialmente pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e pelo secretário de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva.

Segundo os presentes, Silva fez uma fala agressiva, na qual disse que as acusações de "genocídio indígena" praticado pelo governo Bolsonaro são "cínicas", "covardes" e "levianas".

Heleno, por sua vez, teria engrenado em uma fala ideológica, na qual disse que a questão das demarcações de terra já tinha que ter sido resolvida pelos partidos que estavam no poder anteriormente e que agora o problema estava sob administração da gestão Bolsonaro.

Ele também teria dito que não falaria sobre indígenas que vivem em terras que não estão demarcadas.

Uma representante da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Ângela Kaxuyana, teve o microfone cortado pelo GSI, que administrava a sala virtual.

"Foi uma reunião totalmente infrutífera. Era uma sala para tratar de questões emergenciais. Foi só o ministro Barroso sair que o nível baixou consideravelmente. O general Heleno fez uma fala extremamente agressiva, disse que índio fora da aldeia tem que ser tratado como produtor rural. Fomos alvos de coação e ameaça", diz Luiz Eloy, advogado da Apib que acompanhou a reunião.

"É chocante que, com toda essa tragédia, um ministro de estado, em vez de decidir ações concretas de proteção aos índios, se limite a ameaçá-los", diz Márcio Santilli, sócio fundador do Instituto Socioambiental (ISA) e ex-presidente da Funai.

Os indígenas também reclamam que o governo federal encheu a sala de participantes que não tinham qualquer relação com o tema, dificultando as tratativas. As dificuldades técnicas fizeram com que procuradores deixassem a sala.

Sobre o tema da reunião, medidas concretas para conter o avanço da pandemia, pouco foi comentado, relatam os indígenas.

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Eles dizem que procurarão o ministro Barroso na segunda-feira (20) para que medidas sejam tomadas para que a sala de situação de gestão sirva para o propósito designado de encontrar soluções para conter o avanço do coronavírus em comunidades indígenas em isolamento ou contato recente.

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