Publicado em 16 de novembro de 2020 às 19:46
Os ataques cibernéticos sofridos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) neste domingo (15) são de um tipo que ocorre frequentemente na internet e foram realizados por um grupo hacker já carimbado.>
Até a publicação desta reportagem, o que se sabe é que os ataques envolveram a divulgação de dados internos antigos e de tentativas de causar instabilidade nos sites do próprio TSE e dos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais). Tudo sem relação com a lentidão na apuração dos votos, um problema à parte.>
Em entrevista coletiva coletiva de imprensa na noite deste domingo, o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, disse que os ataques foram identificados como tendo partido de Portugal, ou coordenados por um cidadão português.>
A investida foi assumida pelo Cyber Team, já conhecido no meio da cibersegurança por fazer hacktivismo, ou seja, hackear em forma de protesto, com motivação ideológica.>
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O grupo é liderado pelo hacker conhecido na internet como "Zambrius". Ele foi preso preventivamente em Portugal em abril deste por realizar diferentes ataques cibernéticos no país. Posteriormente passou a prisão domiciliar.>
De acordo com o jornal Diário de Notícias, o cibercriminoso é monitorado pelas autoridades desde 2017, quando tinha 16 anos e foi identificado como membro de um grupo que atacou a Polícia Judiciária e a Procuradoria-Geral da República de Portugal.>
A versão do hacker diverge daquela das autoridades brasileiras em dois pontos: segundo o jovem português, o acesso aos dados internos continuava vulnerável pelo menos até a tarde desta segunda-feira (16) e as tabelas divulgadas foram extraídas no sábado (14). O TSE nega e diz que as informações foram obtidas semanas antes.>
De acordo com o próprio Tribunal, além dos dados vazados, os hackers fizeram um ataque DDoS (sigla em inglês para "negação de serviço").>
Essa modalidade inunda os servidores do alvo a fim de causar instabilidade ou até derrubar algum sistema. É como o que acontece quando sai o resultado do vestibular em uma universidade: muitas pessoas acessam o site ao mesmo tempo e ele fica lento, mas feito de forma artificial .>
Zambrius confirmou à reportagem que o grupo tentava causar instabilidades nos sites dos tribunais regionais ainda na tarde deste domingo, horas antes da fala do presidente do TSE.>
"O ataque de hoje [domingo] foi totalmente inócuo. Sofrer ataques não é privilégio do site do TSE, isso vale para o Supremo [Tribunal Federal], Pentágono, Nasa", disse Barroso. Ele também afirmou que mais detalhes sobre a investida dos cibercriminosos seriam divulgados nesta segunda.>
Tipicamente, ataques DDoS são feitos por uma rede formada por vários dispositivos conectados à internet em todo o mundo, chamada "botnet".>
Os hackers vasculham a rede atrás de sistemas vulneráveis. E aí vale qualquer coisa: podem ser computadores ou até mesmo lâmpadas inteligentes. Esses equipamentos são transformados em "zumbis". Eles aparentam funcionar normalmente, mas ficam à espera de um comando do atacante para enviar informações ao alvo de forma sincronizada, causando a sobrecarga.>
Ataques desse tipo são bastante comuns e vêm numa escalada no mundo, aponta relatório divulgado no ano passado pela Cisco, empresa especializada em serviços e equipamentos ligados à internet. A projeção é que, globalmente, eles irão de 7,9 milhões de casos no mundo em 2018 para 15,4 mi em 2023.>
Os métodos variam, mas, muitas vezes, os DDoS nem são lá muito complexos de fazer --é possível inclusive contratá-los pela internet. Por estarem em todo canto, já são várias as defesas disponíveis para barrar esses acessos vistos como artificiais.>
Um dos ataques mais famosos desse tipo aconteceu em 2016. Na ocasião, foram derrubados sites como Twitter, Netflix e Airbnb. A rede imensa de robôs-zumbis era formada principalmente por câmeras de segurança e roteadores.>
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