Publicado em 24 de novembro de 2021 às 14:41
O governo brasileiro avalia criar um fundo próprio para substituir o Fundo Amazônia, paralisado desde o início do mandato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo o vice-presidente e coordenador do CNAL (Conselho Nacional da Amazônia Legal), Hamilton Mourão, a ideia é usar recursos de bancos públicos e privados para financiar projetos na reunião. >
Bancado pela Noruega e pela Alemanha, o Fundo Amazônia tem cerca de R$ 2,9 bilhões parados devido às mudanças feitas por Bolsonaro na gestão dos recursos no início de 2019. O conselho responsável por gerir o montante foi extinto, e as alterações desagradaram os dois países.>
Em audiência na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (24), Mourão afirmou que tenta encontrar uma solução para liberar os valores, mas defendeu que o país crie um fundo com recursos próprios com o objetivo de realizar ações na Amazônia Legal.>
"Realmente houve um desmantelamento da governança do fundo e, desde então, eu tenho tentado reconstruir essa governança numa conversa constante com os representantes da Noruega e da Alemanha, que são os dois maiores doadores", afirmou.>
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"Estou pensando também em termos um fundo com recursos nossos, dos bancos privados, dos bancos públicos, com uma governança estabelecida de comum acordo com todos para que a gente consiga ter recursos para o financiamento de projetos de desenvolvimento que ocorrem lá na Amazônia", disse ainda.>
O vice-presidente defendeu que o país seja pago pela preservação do meio ambiente e que o dinheiro possa ser usado sem intervenções externas.>
"Nós temos que manter preservado quase metade do território brasileiro, nós temos que receber o pagamento por isso aí. Não é esmola, não é o cara que vai vir aqui e dizer 'vou te dar o dinheirinho aqui do Fundo Amazônia, mas eu controlo como você vai distribuir isso daí'. Isso é perda de soberania", completou.>
Mourão voltou a reconhecer que as operações militares na região para combater o desmatamento não tiveram os resultados esperados e atribuiu o fraco desempenho à falta de integração entre os órgãos que atuaram nas ações das GLOs (Garantia da Lei e da Ordem).>
"Num primeiro momento, essas operações não foram bem-sucedidas por falta de conversa entre elementos das Forças Armadas quanto elementos das agências ambientais, Ibama, ICMBio, Funai", justificou.>
Ele ainda disse concordar que o uso das forças não é o mecanismo mais adequado para combater as ilegalidades na Amazônia, mas que isso foi necessário porque as agências ambientais estão "com seus efetivos extremamente inferiores às necessidades".>
Ao todo, foram três GLOs, cujos decretos presidenciais deram amparo legal a três operações de intervenção militar: Verde Brasil, Verde Brasil 2 e Samaúma.>
Mesmo com as operações, a devastação na região continua a bater recordes. Dados do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostraram novo recorde de desmate para o mês de outubro.>
O dado é o pior dos últimos 15 anos, com uma devastação de 13.235 km2 entre agosto de 2020 e julho de 2021 –um aumento de 22% em relação ao período anterior.>
Mourão atribuiu o resultado à falta de recursos financeiros para combater as ilegalidades e disse considerar que há uma "desaceleração" no desmatamento e que o resultado poderia ser "muito pior" sem as GLOs.>
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