Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 09:36
O presidente interino Hamilton Mourão assinou nesta quinta-feira (23) um decreto que autoriza militares a atuarem numa força-tarefa contra fila do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).>
O texto foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União e não se restringe ao INSS, segundo informações do Palácio do Planalto.>
Caso o militar inativo pratique algum ato ilícito, a investigação começará pelo órgão que o contratou, mas caberá às Forças Armadas o julgamento do processo administrativo.>
O uso do efetivo militar na reserva no atendimento das agências do INSS faz parte da estratégia para reduzir o estoque de requerimentos em atraso.>
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Atualmente, há cerca de 1,3 milhão de pedidos de aposentadorias e benefícios que não foram respondidos dentro do prazo legal -45 dias. >
Nesta quinta-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro prometeu que o decreto que viabiliza a contratação temporária de oficiais da reserva das Forças Armadas seria publicado ainda nesta semana, mesmo diante de um impasse com o TCU (Tribunal de Contas da União).>
O Ministério Público junto ao TCU apresentou um pedido contra essa medida. O relator do caso no TCU, ministro Bruno Dantas, quer que haja concorrência com civis para as vagas no INSS. >
Apesar dessa sinalização, a equipe econômica agilizou a publicação do decreto, que dependia do Palácio do Planalto.>
Mas, para evitar confronto com o TCU, o time do secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, passou a estudar medidas adicionais à força-tarefa anunciada na semana passada.>
Uma possibilidade é que servidores aposentados possam também trabalhar nas agências do INSS.>
Isso, porém, depende de alteração legal (por medida provisória ou projeto de lei).>
A ideia da equipe econômica, portanto, é fazer eventuais ajuste no plano de combate à fila somente depois de começar a contratação temporária de militares reservistas. Isso porque a decisão final do TCU depende de votação no plenário.>
Técnicos avaliam que alterar a legislação para permitir que aposentados civis voltem ao serviço público não é uma solução simples. Além disso, esses integrantes do Ministério da Economia dizem que isso deve custar mais para os cofres públicos, pois servidores, em média, ganham mais que militares.>
Na semana passada, o governo apresentou uma série de medidas para tentar reduzir o atraso na análise de pedidos de aposentadorias e benefícios, como auxílio-doença e o BPC (benefício assistencial pago a idosos carentes e deficientes).>
Segundo Marinho, dentro da força-tarefa, cerca de 7.000 militares na reserva poderão ser contratados temporariamente para atendimento nas agências do INSS. Com a medida, técnicos do instituto poderão ser realocados para a análise dos pedidos na fila.>
Militares na reserva receberiam, em troca, um valor extra de 30% sobre a remuneração para ajudar na redução da fila de pedidos de aposentadorias.>
Os integrantes das Forças Armadas que voluntariamente entrarem no programa serão treinados para o serviço nas agências.>
O decreto assinado por Mourão regulamenta a possibilidade de que militares na reserva possam atuar em atividade civil. Uma portaria interministerial ainda é necessária para tratar justamente do caso desses oficiais no INSS e tornar a contratação efetiva.>
A força-tarefa contra a fila de pedidos de aposentadoria sofre críticas, mesmo dentro do próprio governo, desde que foi anunciada.>
O decreto foi prometido para a semana passada, mas até esta quinta (23) não saiu. Houve debates sobre o tema entre a equipe econômica e técnicos da Casa Civil e da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), que questionavam a medida. Mas a maior resistência, agora, vem do TCU. >
"Militar é fácil, eu contrato é hoje, demito amanhã. Não tem problema nenhum, problema zero. E o pessoal está clamando por aposentadoria. Isso não é privilegiar militar, até porque não é convocação, é um convite. É facilidade que nós temos desse tipo de mão de obra", afirmou Bolsonaro nesta quinta.>
Para tentar zerar a fila, o governo deve também fazer uma perícia para reavaliar o afastamento de 1,5 mil funcionários do INSS. Outra medida é a desburocratização do atendimento nas agências, com o fim de algumas autenticações feitas pelos funcionários do INSS a documentos apresentados pelo cidadão.>
Devem ser gastos cerca de R$ 14,5 milhões por mês com a força-tarefa, segundo cálculos da equipe econômica. Essa despesa, de acordo com Marinho, será compensada com a aceleração na análise dos processos. Isso porque, com a demora, o governo precisa pagar as aposentadorias atrasadas com juros.>
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