Publicado em 10 de julho de 2023 às 18:02
BRASÍLIA - O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), anulou uma decisão da Justiça Federal no Distrito Federal que arquivou parte de uma investigação sobre suspeitas de irregularidades e omissões cometidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por integrantes da sua gestão durante a pandemia da Covid-19.>
Na decisão, que está em segredo de Justiça e à qual a reportagem teve acesso a trechos, Gilmar afirma que o arquivamento das investigações não poderia ter sido decidido pela Justiça Federal, mas sim pelo Supremo, já que parte dos alvos tinha foro especial.>
São alvos da investigação, além de Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), o ex-número dois da Saúde coronel Elcio Franco, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten e Mayra Pinheiro, a "capitã cloroquina", ex-secretária do Ministério da Saúde.>
A apuração trata de suspeita da prática de crimes como epidemia com resultado morte, emprego irregular de verbas pública, prevaricação e comunicação falsa de crime.>
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Gilmar determinou que o procurador-geral da República, Augusto Aras, avalie se há ou não indícios de crimes nas condutas dos investigados.>
A investigação foi aberta a partir das apurações feitas pela CPI da Covid no Senado.>
Uma procuradora da República, Marcia Brandão Zollinger, havia pedido à Justiça no ano passado o arquivamento parcial do caso porque entendeu que não havia elementos contra Pazuello, Elcio e Mayra. Como é praxe, o pedido do Ministério Público foi aceito.>
Ela solicitou, à época, apenas o envio à PGR de investigação sobre Wajngarten "em razão da omissão em informar à população sobre medidas para diminuir as chances de contrair Covid-19 e da campanha institucional de nome 'O Brasil não pode parar'".>
No ano passado, a vice-procuradora-geral, Lindôra Araújo, pediu ao Supremo arquivamento das principais frentes de investigação decorrentes do trabalho da CPI da Covid, o que foi visto como uma vitória de Jair Bolsonaro e sepultamento da comissão parlamentar de inquérito.>
A manifestação de Lindôra, apontada pela oposição como "testa de ferro" do procurador-geral da República, Augusto Aras, era a favor de livrar Bolsonaro de suas cinco principais acusações no relatório final da CPI.>
Entre elas, ser relacionado ao aumento de mortes na pandemia, além dos crimes de prevaricação, charlatanismo, uso irregular de verbas e infração de medidas sanitárias.>
Neste ano, tentando se cacifar para ter voz na sua sucessão, Aras antecipou em vídeos divulgados no YouTube a prestação de contas sobre o que considera ser seu legado, priorizando temas caros ao governo do presidente Lula (PT) e, ao mesmo tempo, buscando se afastar de seu alinhamento a Bolsonaro.>
Ele rebateu críticas ao fato de não terem sido apresentadas denúncias a partir do relatório da CPI da Covid, após a Procuradoria concluir pela insuficiência de provas no material compartilhado pela comissão do Senado.>
"O procurador-geral e todos os colegas que atuaram cumpriram rigorosamente com seus deveres", afirmou. "É preciso distinguir a retórica política do discurso jurídico.">
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