Publicado em 23 de junho de 2021 às 09:42
Familiares de Hamilton Cesar Lima Bandeira, 23, acusam policiais civis de Presidente Dutra, no Maranhão, de tê-lo matado por causa de uma postagem em rede social supostamente favorável a Lázaro Barbosa, suspeito de ser o "serial killer do DF". >
Natural da cidade de Barra do Mendes, no centro-oeste da Bahia (a 534km de Salvador), Lázaro, 32, tem sido procurado há duas semanas, em uma mobilização que tem posto à prova a inteligência de uma força-tarefa com mais de 250 policiais na região de Cocalzinho de Goiás. >
Em nota, a Polícia Civil do Maranhão diz que Bandeira usou uma faca para atacar policiais, que atiraram nele. >
Ana Maria Lima Dias, 41, mãe de Hamilton, afirma que o filho caçula era diagnosticado com transtornos mentais. Ocorrido na última quinta-feira (17), o caso gerou revolta entre os moradores povoado de Calumbi (a 350km de São Luís), que atearam fogo em pneus na BR-125. >
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De acordo com o comerciante Pedro Henrique, 24, amigo de infância de Hamilton, a ação da polícia teria sido motivada por uma publicação temporária chamada de um story -que fica disponível para visualização durante de 24 horas-, no perfil Hamilton Harry Maine no Instagram. >
Trata-se de uma montagem na qual aparecem três homens vestidos com trajes militares, todos eles segurando armas de grosso calibre, com os dizeres "eu sou teu ídolo, Lázaro! Boa sorte Lázaro!". >
Pelo relato da família, após suposta denúncia anônima, três policiais civis do município foram à casa do jovem, que estava acompanhado somente do avô, Plácido Ribeiro da Silva, 99. Ele ajudou a criar Hamilton desde bebê, enquanto a mãe, funcionária de um posto de combustíveis, estava no trabalho. >
Segundo o avô, a quem a vítima chamava de pai, Hamilton estava deitado no quarto no momento em que os policiais chegaram. Assim que abriu a cortina do cômodo para ver do que se tratava, ele foi morto por três tiros, disse a mãe à reportagem. >
"Na delegacia, disseram que receberam uma denúncia. Meu filho tomava remédio controlado, mas nunca foi violento", bradou a mãe do jovem. "Meu filho não teve nem tempo de se explicar. Depois dos tiros, só teve tempo de olhar para o avô e falar: 'ô, papai'", afirma ela, emocionada. >
Ainda segundo a mãe, o delegado César Ferro se recusou a registrar boletim de ocorrência por, pelo menos, duas vezes. "A polícia cometeu vários crimes, inclusive o de se negar a pegar o depoimento da família. Agora, estão dizendo que nem entraram na casa, o que é mentira." >
O amigo Pedro Henrique diz que Hamilton tinha comportamento inofensivo, "às vezes, não falava coisa com coisa, mas a comunidade do distrito de Calumbi praticamente toda conhecia ele, que era louco pelos Estados Unidos". >
De fato, em algumas fotos no perfil na rede social, Hamilton aparece com a bandeira dos EUA, inclusive numa montagem em que posa como militar. "Sou cover do Donald Trump", escreveu na legenda de uma delas. "Donald Trump do Maranhão", disse, na outra. >
Por nota, a Polícia Civil do Maranhão informou que atendeu a uma denúncia de ameaça, além de apologia ao crime, que teria partido de moradores. Ao chegar no local, o suspeito atacou com uma faca os policiais, que efetuaram dois disparos para conter a situação, sem entrar na casa, diz a nota. >
O comunicado afirma que Hamilton foi levado a um hospital da região ainda com vida, mas não resistiu aos ferimentos, um na perna, outro no abdômen. A nota diz ainda que, na delegacia, mãe e irmã da vítima fizeram perguntas sobre o ocorrido, mas não quiseram registrar ocorrência. >
A polícia disse ainda ter apresentado às duas o inquérito para apurar as circunstâncias da ocorrência, que será acompanhado pelo Ministério Público e, posteriormente, deverá ser encaminhado ao Poder Judiciário. >
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