Publicado em 24 de novembro de 2021 às 16:42
A falta de saneamento no Brasil foi responsável pela morte de pelo menos 135 mil pessoas entre 2008 e 2019 no país o que dá uma média de 11,2 mil ao ano. O dado consta no Atlas do Saneamento, divulgado nesta quarta-feira (24) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). >
O levantamento mostra também que as DRSAI (Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado) foram responsáveis por 0,9% de todos os óbitos do país no período.>
De acordo com a publicação, a Doença de Chagas, as diarreias e a disenteria foram as principais causas de morte pelas DRSAIs, com 81,5% dos óbitos constatados no período. Entre 2008 e 2019, segundo o Ministério da Saúde, morreram no país 14 milhões de pessoas.>
As DRSAIs tiveram participação em 21,7% do total de óbitos no período quando especificadas apenas as doenças infecciosas e parasitárias. Os maiores percentuais, diz o estudo, foram verificados nas regiões Centro-Oeste (42,9%) e Nordeste (27,1%).>
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No período de 2008 a 2019, foram notificados 11,9 milhões de casos de DRSAI no Brasil, com 4,9 milhões de internações no SUS (Sistema Único de Saúde).>
Além das doenças campeãs em óbito, outras aparecem em seguida, mas com diferenças regionais marcantes: dengue, zika e chikungunya foram a terceira causa de óbitos nas regiões Sudeste e Centro-Oeste; as leishmanioses aparecem mais na região Norte; a esquistossomose, no Nordeste; e a leptospirose, no Sul.>
Das mortes relacionadas à falta de saneamento no país entre 2008 e 2019, 84 mil óbitos foram de idosos com 60 anos ou mais.>
"A reduzida abrangência da coleta de esgoto determina que o principal tipo de poluição ou contaminação identificada na captação de água doce tenha sido exatamente por esgoto sanitário. Uma das causas é a falta de investimento no setor de saneamento básico, o que compromete a qualidade da água distribuída e a eficiência da rede de distribuição, com prejuízos ao meio ambiente e à saúde pública", diz o informativo do IBGE.>
Ainda segundo o documento, apenas 60,3% dos municípios brasileiros fizeram coleta de esgoto em 2017. Já 99,6% desses municípios tinham abastecimento de água por rede geral naquele ano.>
"Apenas três Unidades da Federação (São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal) apresentam taxas superiores a 85% de domicílios atendidos pelo serviço de coleta de esgoto respectivamente 93,2%, 87,5% e 86,6%", segundo a PNAD Contínua 2017.>
"Em 17 estados (todos os da região Norte e sete estados da região Nordeste, à exceção de Pernambuco e Bahia), as taxas de domicílios atendidos com coleta de esgotamento sanitário por rede geral variaram de 9,9% (casos de Rondônia e Piauí) a 54,0%, no caso de Sergipe", completa o IBGE.>
Para o IBGE, o resultado da pesquisa "sugere que o acesso aos cuidados de saúde sofre efeitos da fricção da distância e da desigualdade e fragmentação espacial, mesmo em espaços intrarregionais.">
"Em síntese, diante da fragmentação e hierarquização da rede em um cenário de vulnerabilidade, verifica-se que é relativamente menor a presença de centros urbanos com centralidade de saúde significativa nas Regiões Norte e Nordeste. Em contrapartida, há uma grande concentração na Região Sudeste e em menor grau na Região Sul, o que é, mesmo nesse último caso, condição efetiva, mas que tem se mostrado insuficiente para dar conta dos impositivos de eficiência face aos anseios de saúde e as diferenças socioeconômicas da população brasileira", finaliza.>
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