Publicado em 28 de novembro de 2022 às 17:46
Os responsáveis pela segurança de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planejam a posse presidencial, marcada para 1º de janeiro, sem a participação do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).>
Além disso, segundo eles, ainda faltam recursos para mobilizar todo o aparato necessário ao evento que receberá apoiadores do petista, curiosos e autoridades de diversos países.>
A equipe de transição de governo afirma que não há verba para pagar diárias de agentes da PF (Polícia Federal) e da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Ainda assim, dizem que o evento está garantido e que esses valores podem ser acertados mais tarde com os agentes.>
Eles ainda estudam alternativas, como a mobilização de policiais federais que estão concluindo curso de formação na academia da corporação na capital do país.>
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A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal discutiu a posse com a equipe de transição de Lula, em reunião na quinta-feira (24).>
Há preocupação na equipe de transição de que as manifestações antidemocráticas de apoiadores de Bolsonaro hoje concentradas em estradas e na frente de quartéis atrapalhem a posse.>
Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a organização do evento estima um público de 150 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios para ver o novo presidente desfilar em carro aberto.>
Bolsonaro ainda não disse o que fará no dia da posse, mas a equipe de Lula considera que o presidente não irá pessoalmente entregar a faixa ao sucessor.>
A futura primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, é a coordenadora da posse no gabinete de transição. A festa deve ainda ter shows de artistas que apoiaram Lula.>
A preocupação com a posse foi mencionada à imprensa na quarta (23) pelo grupo de Justiça e Segurança Pública da transição de governo. O cenário de apreensão se insere em meio à falta de verba para garantir serviços básicos da PF e da PRF, como a emissão de passaportes e a manutenção de viaturas.>
"O que temos de mais emergencial para este ano, que são diárias da PRF, diárias para operações da Polícia Federal, e também a retomada dos passaportes, estamos falando aí de algo em torno de R$ 200 milhões neste ano", disse o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA).>
Dino afirmou que, sem a verba adicional, policiais vão ter de "trabalhar voluntariamente para receber posteriormente as diárias". "É como tem ocorrido", afirmou ele.>
O senador eleito também declarou que a posse presidencial exige reforço da segurança por causa da presença de chefes de Estado de outros países, entre outras autoridades. "O quadro é que não tem diária hoje para a PF nem para a PRF".>
Dino é cotado para assumir o Ministério da Justiça no governo Lula.>
A equipe de transição de Lula decidiu escantear o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da coordenação de segurança da posse do petista.>
A decisão se deu por desconfiança em relação ao trabalho da pasta comandada pelo ministro Augusto Heleno, um dos mais próximos auxiliares de Bolsonaro.>
Por decreto, cabe ao Gabinete de Segurança Institucional coordenar a área de segurança de eventos com a presença do presidente. Na posse, no entanto, o trabalho envolve mais instituições, que devem assumir responsabilidades da pasta.>
Sem acionar o GSI, a transição tem tratado com a Polícia Federal sobre a coordenação da segurança da posse de Lula. Ainda assim, em reunião com o governo do DF, a equipe de Lula reconheceu que não há como excluir completamente o GSI do evento.>
O general Gonçalves Dias, que cuidava da segurança pessoal do Lula antes da eleição, participa das conversas entre a transição e os militares sobre a posse.>
Dias disse a pessoas próximas que não tem interesse em esvaziar o Gabinete de Segurança Institucional, pois o próprio general é cotado para comandar a pasta na gestão petista.>
A equipe de Lula também possui receios com a Secretaria de Segurança Pública do DF. O governador Ibaneis Rocha (MDB) avalia a possibilidade de levar de volta à pasta, ainda em dezembro, o atual ministro da Justiça, Anderson Torres, alinhado ao bolsonarismo.>
O titular da secretaria do governo distrital, o delegado da PF Júlio Danilo, afirmou à reportagem que as forças de segurança da capital federal estão prontas para auxiliar na posse de Lula.>
"Toda a segurança do perímetro é responsabilidade nossa. Controle de trânsito, de acesso das pessoas. A gente vai botar uma linha de revista --é natural, isso ocorre em toda a manifestação--, para evitar que alguém entre com canivete, com arma, fogos de artifício", disse.>
Júlio Danilo também avaliou que o GSI precisa participar da segurança da posse, por considerar que a pasta ficará responsável pela segurança de Lula durante o novo governo petista e pela responsabilidade do gabinete de proteger o Palácio do Planalto.>
"Hoje, a segurança aproximada do presidente está com a Polícia Federal, e a PF deve assumir a coordenação [da segurança da posse]. Eu não posso te precisar se isso é por determinação da equipe de transição do presidente, mas há um entendimento no sentido de que o GSI tem que participar", disse. "Mesmo porque, acabou a posse, a Polícia Federal sai e quem assume a segurança é o GSI".>
Além da pasta da Segurança Pública, representantes de outros órgãos distritais, incluindo a Casa Civil, a Secretaria de Cultura e a Administração Regional do Plano Piloto, têm conversado com integrantes da equipe de transição.>
Havia um receio do PT, por exemplo, que as ações de fim de ano do Governo de Brasília pudessem atrapalhar a preparação da posse. O Governo do DF já sinalizou que não vai mais programar essas atividades festivas na Esplanada dos Ministérios.>
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