Publicado em 24 de setembro de 2020 às 14:29
A Amazônia perdeu uma área equivalente a 270 mil km² entre os anos 2000 e 2018. No período, a maior floresta tropical do planeta viu desaparecer 8% de sua cobertura, substituída, principalmente, por áreas de pastagem.>
Para efeito de comparação, o tamanho da perda territorial da Amazônia representa, em termos absolutos, o sumiço de um espaço maior do que todo o estado de São Paulo, que possui área em torno de 248 mil km².>
Os números fazem parte das Contas de Ecossistemas: Uso da Terra nos Biomas Brasileiros (2000-2018), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados na manhã desta quinta-feira (24).>
O estudo mostrou que a redução na vegetação florestal amazônica foi a maior entre as coberturas naturais dos biomas brasileiros no período analisado.>
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As áreas de pastagem tiveram um aumento de 71%, passando de 248,8 mil km², em 2000, para 426,4 mil km², em 2018, o que evidenciou uma fragmentação da paisagem da região, segundo o IBGE.>
Dados do Inpe já haviam mostrado que, atualmente, a Amazônia continua registrando aumento de queimadas. Em julho, o bioma apresentou crescimento de 28% no número de focos de calor em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), maior registro desde 2017 e, antes disso, desde 2006.>
De acordo com o IBGE, as perdas na Amazônia não foram as únicas entre os biomas terrestres brasileiros entre 2000 e 2018. No total, uma cobertura natural de quase 500 mil km² desapareceu do território nacional.>
O Cerrado foi o segundo mais prejudicado, com perda de 152,7 mil km². A maior explicação é a expansão contínua e acelerada da agricultura, com crescimento de 102,6 mil km².>
No ano passado, dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), apontaram crescimento de 15% de desmate em unidades de observação. De acordo com a ONG WWF-Brasil, mais da metade do Cerrado já foi convertido para ambiente urbano ou para atividades agropecuárias.>
Já a maior perda percentual de área territorial entre os biomas brasileiros de 2000 a 2018 foi no Pampa, que teve um recuo de 16,8% de sua área natural. De acordo com o IBGE, o terreno foi convertido em usos antrópicos, ou seja, pela ação do homem.>
Um dos principais motivos para a redução territorial do Pampa pode ser pelo aumento no plantio de soja, pois quando se suprime a vegetação para introduzir uma monocultura do produto, se troca um sistema que evolui ecologicamente para o equilíbrio por uma única vegetação, segundo mostrou reportagem da Folha.>
No ano passado, dados coletados por satélite em estudo do Inpe já haviam mostrado que, em 2016, 43,7% da vegetação nativa estava suprimida, ou seja, desmatada.>
Já o Pantanal, que atualmente vem sofrendo com queimadas, foi o que menos sofreu de 2000 a 2018, segundo o IBGE, com diminuição de 1,6% de seu território.>
Na última terça-feira (22), a Folha mostrou que focos de incêndio iniciados em nove fazendas locais destruíram 141.773 hectares de vegetação, uma área pouco menor do que o município de São Paulo.>
O levantamento é da ONG Repórter Brasil, após cruzamento de dados do ICV (Instituto Centro de Vida) com os dados do CAR (Cadastro Ambiental Rural). Desde o início do ano até domingo (20), a área queimada no Pantanal alcançou 3.179.000 hectares, o equivalente a 21,2% do bioma.>
Mesmo com a diminuição territorial dos biomas brasileiros desde o ano 2000, o IBGE ressaltou que, apesar de todos os biomas terem saldo negativo, a perda vem diminuindo de magnitude ao longo dos anos.>
A desaceleração mais considerável ocorreu na Mata Atlântica, que sofre a ocupação mais antiga e intensa na natureza brasileira, de acordo com o IBGE. Entre 2016 e 2018, a perda foi de 577 km². Porém, o local conserva atualmente apenas 16,6% de suas áreas naturais, o menor percentual entre os biomas.>
Na Caatinga, a redução foi de 17,1 mil km² desde o ano 2000, sendo 1,6 mil km² de 2016 a 2018. De acordo com o IBGE, o registro é um decréscimo na supressão de áreas naturais. O bioma possui atualmente 36,2% de seu território sob influência antrópica.>
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