Publicado em 20 de maio de 2020 às 16:42
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pediu nesta quarta-feira (20) que a reunião entre os governadores e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aconteça em clima de paz e de preservação da vida. >
O encontro, virtual, está marcado para esta quinta-feira (21), às 10h da manhã. Ele acontecerá logo após o Brasil registrar mil mortes por coronavírus em 24 horas, um recorde, e após o Ministério da Saúde ampliar o protocolo sobre o uso da cloroquina para casos leves da Covid-19.>
Doria rechaçou enfaticamente o uso da cloroquina. Questionado, afirmou que "não, nós não faremos distribuição, nem aplicação generalizada da cloroquina. Por que? Porque a ciência não recomenda".>
Na sequência, o secretário de Saúde do estado de São Paulo, José Henrique Guermann, explicou que a nova medida do governo federal não altera os protocolos vigentes até então no que tange o fato de que o medicamento pode ser usado caso o médico entenda que é o caso e com autorização do paciente.>
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"Não é um medicamento que você distribui sem prescrição", disse Guermann.>
O próprio texto do Ministério da Saúde, reconhece que não há evidências suficientes de eficácia do remédio, e o termo de consentimento do paciente cita risco de agravamento da condição clínica.>
Até então, o protocolo adotado pelo órgão previa o uso do medicamento apenas por pacientes graves e críticos e com monitoramento em hospitais pacientes com quadro leve, em determinadas circunstâncias, podem ser encaminhados para o isolamento em suas próprias casas, por exemplo.>
Médicos têm relatado pressão para receitarem a cloroquina a pacientes, conforme revelou o jornal Folha de S.Paulo. Entidades de saúde têm se posicionado contra seu uso, uma vez que não há eficácia comprovada cientificamente.>
Na terça (19), mesmo dia em que o Brasil ultrapassou a marca de mil mortes diárias, o presidente Bolsonaro ironizou quem não incentiva o uso do medicamento.>
"Quem é de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma Tubaína", disse, referindo-se a uma marca de refrigerante. No dia seguinte, Bolsonaro lamentou as mortes.>
Ainda nesta quarta, Doria disse que houve uma conversa entre com 25 governadores do Brasil. Ele afirmou que espera que medidas como o megaferiado sirvam para aumentar a taxa de isolamento do estado, que é o epicentro da pandemia no Brasil.>
"Vamos precisar ver pessoas mortas nas ruas e calçadas para entendermos que a orientação da medicina para o isolamento é única alternativa que existe para preservar vidas? Pense nisso, você que é contra o isolamento social, reflita você que não acredita no isolamento social", disse o governador de São Paulo.>
Doria ainda afirmou que já há um protocolo pronto para um possível "lockdown", que não tem previsão para acontecer, mas pode ser adotado caso os índices do estado sigam piorando.>
Desde o início da pandemia, o governador de São Paulo e Bolsonaro têm trocado farpas, sobretudo quanto a adoção ou não de medidas de isolamento social.>
"Nunca imaginei na minha existência ter que conviver e anunciar mil mortes num dia. Não é possível que alguém com o mínimo de compaixão não se sensibiliza diante deste fato, não reflita diante desta situação", completou o governador.>
Bolsonaro já criticou publicamente os governadores que não seguiram seu decreto de autorizar o funcionamento de academias e salões de beleza como serviços essenciais durante a quarentena.>
"Os governadores que não concordam com o decreto podem ajuizar ações na Justiça ou, via congressista, entrar com projeto de decreto legislativo", escreveu Bolsonaro no Facebook.>
No entanto, o STF (Supremo Tribunal Federal) já havia decidido em abril que União, estados e municípios têm competência concorrente para definir estratégias de saúde pública e regulamentar a quarentena. O STF deixou clara a autonomia dos entes da Federação para fixar os serviços aptos a seguirem em funcionamento.>
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