Publicado em 19 de fevereiro de 2021 às 15:18
- Atualizado há 5 anos
O governador de São Paulo, João Doria, ficou indignado com a postura do Ministério da Saúde de tentar colocar a culpa pela falta de vacinas contra Covid-19 no País no atraso na entrega de doses da Coronavac. "O Ministério da Saúde omitiu informações para tentar responsabilizar o Instituto Butantan pelo atraso na entrega de doses da vacina. Já foram entregues 9,8 milhões doses para imunização. De cada 10 brasileiros, nove estão recebendo a vacina do Butantan", disse. >
Este é mais um episódio de tensão entre governo federal e paulista. Na quinta-feira (18), o Ministério da Saúde disse que iria repensar a distribuição de doses das vacinas por causa de atrasos na entrega pelo Butantan. "É inacreditável que o Ministério da Saúde queira atribuir ao Butantan a responsabilidade pela sua incompetência, sua ineficiência e sua incapacidade", afirmou Doria. "Vamos cumprir integralmente o compromisso com o ministério", continuou.>
Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, o comprometimento com a entrega dos imunizantes é enorme. "Foi assinado o contrato no dia 7 de janeiro. Foi dito ao ministério de que haveria atraso de matéria-prima, pois éramos para ter recebido no dia 6 de janeiro. E para se ter uma ideia, o ministério pagou adiantado para os dois contratos, com AstraZeneca e Covax, mas não recebeu nenhuma dose. Existe falta de planejamento", explicou, mostrando os ofícios que foram encaminhados no ano passado ao ministério oferecendo vacinas.>
"Até abril vamos totalizar 46 milhões de doses, que é objeto do primeiro contrato com o Ministério da Saúde. De maio a agosto serão mais 54 milhões de doses, que dependem da chegada de insumos da China. Este é o segundo contrato. Então vamos totalizar 100 milhões de doses até agosto", continuou, lembrando que as críticas do governo federal à China não contribuem para agilizar os processos. "O ministério precisa assumir sua responsabilidade. Precisamos olhar a realidade e não a ficção.">
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O ritmo lento da vacinação no Brasil fez com que Eduardo Pazuello, ministro da saúde, mudasse a orientação para aplicação das doses. Em um primeiro momento, a ideia era guardar a segunda dose para garantir a imunização completa da pessoa que já foi vacinada. Agora, ele entende que não é preciso reter metade dos lotes disponíveis até a aplicação da segunda dose do imunizante. A nova orientação passaria a valer a partir do dia 23 deste mês>
Para o governo paulista, essa determinação é uma boa iniciativa, mas por causa das relações estremecidas, prefere esperar uma comunicação oficial para mudar o plano de vacinação. "Se vier um ofício iniciaremos imediatamente a liberação dessas doses. Mas precisamos de um documento que nos dê essa segurança", avisou Regiane de Paula, coordenadora de controle de doenças da secretaria de Estado da Saúde.>
Para João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência Covid-19, se a orientação for oficializada será um avanço importante na vacinação no Estado. "Eu defendo a tese de que devemos vacinar o mais rapidamente todas as pessoas com mais de 60 anos. Para mim essa decisão é correta", comentou.>
Estimativas do governo paulista apontam que se São Paulo conseguir incluir a vacinação para pessoas acima de 75 anos, cerca de 40% das mortes podem diminuir. E se conseguir incluir as pessoas com mais de 60 anos, é possível reduzir as internações pela metade.>
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