Publicado em 18 de outubro de 2023 às 09:33
A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pediu o indiciamento de 61 pessoas, entre civis e militares, no relatório final do colegiado. Ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eliziane atribui os crimes de associação criminosa, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, tentativa de depor governo legitimamente constituído e emprego de medidas para impedir o livre exercício de direitos políticos.>
Isso não significa que Bolsonaro e os outros serão processados imediatamente. A listagem apresentada na sessão de terça-feira (17) da CPMI é uma sugestão apresentada pela relatora, com base em investigações e depoimentos tomados pelos parlamentares. Caso o relatório seja aprovado nesta quarta-feira (18), o documento será enviado a outros órgãos, como a Procuradoria-Geral da República, responsáveis pela apuração das responsabilidades. Caberá a eles analisar a possível apresentação de denúncia à Justiça.>
A decisão, assim, passará pelo escolhido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de procurador-geral da República. Será dele a opção de processar ou não as pessoas apontadas pela CPMI, ou de deixar a comissão "acabar em pizza", sem que ninguém tenha de enfrentar a Justiça. O mandato de Augusto Aras na PGR se encerrou no mês passado. Elizeta Maria de Paiva Ramos exerce a função de forma interina. Lula, que tem adiado a indicação, disse que deverá pôr na cadeira "um amigo do país", "que não faça denúncia falsa".>
A votação do relatório de Eliziane está prevista para ocorrer nesta quarta a partir das 9h e tanto oposição quanto situação estimam que será aprovado com 20 votos favoráveis e 11 contrários.>
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Bolsonaro é considerado pela relatora como o autor intelectual dos ataques aos prédios dos Três Poderes. Eliziane disse que o ex-presidente "nunca nutriu simpatia por princípios republicanos e democráticos" e queria se manter no poder de forma autoritária. "O então presidente tem responsabilidade direta como mentor moral por grande parte dos ataques perpetrados a todas as figuras republicanas que o impuseram qualquer tipo de empecilho a sua empreitada golpista", afirmou.>
Outros nomes do "núcleo duro" do governo Bolsonaro, como os generais Braga Netto e Augusto Heleno, estão na lista. Em 1.333 páginas, o relatório sugere indiciamentos por 26 tipos de delitos. Nele estão incluídos apontamentos sobre a emissão fraudulenta de cartões de vacinação em nome da família Bolsonaro e sobre a tentativa de venda de joias e outros bens do patrimônio da Presidência. >
Eliziane escreveu que Bolsonaro agiu em conluio com Mauro César Barbosa Cid, Mauro Cesar Lourena Cid, Frederick Wassef, Osmar Crivelatti, Marcelo Costa Câmara e Marcelo da Silva Vieira "para apropriação de bens de alto valor recebidos em razão da função, por agentes públicos em viagens internacionais a serviço da República Federativa do Brasil".>
Nesses casos, a relatora ponderou que, apesar de a CPMI ter encontrado elementos de autoria, os temas não estavam no foco da comissão. Por isso, recomendou que órgãos competentes continuem a apurar. Não há pedidos de indiciamento baseados nesses eventos.>
Congressistas de oposição se articularam para apresentar um relatório paralelo. O texto foi protocolado por 16 parlamentares e lido em resumo ao fim da sessão.>
Os autores pedem que Lula e o ministro da Justiça, Flávio Dino, sejam indiciados junto com o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência Saulo Moura Cunha e dois membros da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal. A oposição acusa Lula de omissão, alegando que ele viajou ao interior de São Paulo nas vésperas dos atos antidemocráticos, mesmo sabendo do risco de violência.>
Além do parecer da oposição, outro relatório alternativo foi apresentado. Elaborado pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF), o documento atribui a culpa pelos atos golpistas a Dino e Gonçalves Dias, e também pede a suspeição e impedimento da relatora da CPMI. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>
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