Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 19:47
O responsável por negociar com PMs amotinados no Ceará apresentou nesta quinta-feira (27) à comissão especial que media a crise uma lista com 18 reivindicações da categoria. >
Entre os pedidos levados pelo coronel da reserva do Exército Walmir Medeiros estão a anistia administrativa a todos os amotinados e reajuste salarial maior do que o oferecido pelo governo de Camilo Santana (PT).>
Escolhido para mediar as negociações, Medeiros já teve atuação semelhante em outro motim dos PMs cearenses, que aconteceu de dezembro de 2011 a janeiro de 2012.>
Após dez dias de protestos, ainda há quatro batalhões da Polícia Militar fechados por policiais amotinados e familiares. >
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A paralisação da categoria ganhou repercussão nacional na semana passada, depois de o senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE) ser baleado em Sobral (270 km de Fortaleza) após investir contra amotinados com uma retroescavadeira. Cid já teve alta e se recupera em sua casa em Fortaleza. >
De 19 de fevereiro a terça-feira (25) foram contabilizados 195 homicídios no Ceará, uma média de quase 28 por dia -nos primeiros 18 dias de fevereiro foram 164, média de nove por dia.>
Em janeiro de 2020 foram 261 homicídios, uma média de quase nove por dia.>
Medeiros, que também é advogado, esteve reunido na sede do Ministério Público do Ceará com os três membros da comissão especial, além de representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), da Promotoria e do Exército, que atuam como observadores.>
A comissão foi criada com o objetivo de atuar na mediação da crise --o governo afirmou que não trataria com os policiais manifestantes. >
Medeiros, por sua vez, é responsável por dialogar diretamente com os PMs e levar suas reivindicações à comissão, que faz o meio de campo com a gestão estadual.>
Integram a comissão o procurador-geral de Justiça do Ceará, Manuel Pinheiro, o procurador-geral do estado, Juvêncio Viana, e o deputado estadual Evandro Leitão (PDT).>
Segundo o ex-deputado federal Cabo Sabino, um dos líderes do movimento, os policiais pedem a anistia administrativa e criminal. >
O governo, porém, tem dito que não pretende anistiar os envolvidos na paralisação --230 já foram afastados por 120 dias e ficarão fora da folha salarial no período. Outros 47 foram presos, 43 por deserção (por não terem aparecido para trabalhar em operação especial de Carnaval).>
Um PM que estava preso no interior do Estado, acusado de colocar fogo em uma viatura, foi solto.>
Os policiais também reivindicam salário de R$ 4.923,03 para soldados, segundo planilha apresentada na reunião desta quinta.>
O governo inicialmente havia oferecido de R$ 4.206,23. O projeto de lei enviado no dia 18 de fevereiro à Assembleia Legislativa, contudo, prevê que o salário de um soldado passe de R$ 3.475 para R$ 4.500.>
O governador do Ceará, Camilo Santana, já havia dito que o reajuste oferecido está no limite do que o Estado pode arcar.>
Os PMs dizem que, se o aumento pedido for concedido, podem aceitar o parcelamento do reajuste em três vezes (março de 2020, março de 2021 e março de 2022) que consta da oferta do governo cearense.>
Os policiais também querem, entre outros pontos, a equiparação do valor do auxílio-alimentação com o que recebem outros servidores do estado, auxílio saúde ou recriação do Hospital Militar e adicional noturno.>
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), pediu ao governo federal a prorrogação da presença das Forças Armadas no Estado. A operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vence nesta sexta (28). >
O governo cearense não informou se solicitou um prazo específico nesse segundo pedido. A primeira solicitação cobria o período do Carnaval, considerado crítico pelas autoridades cearenses. São 2.600 homens das Forças Armadas atuando no Estado desde o dia 21 de fevereiro.>
Até o momento, não houve resposta do governo federal.>
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