Publicado em 12 de novembro de 2020 às 16:50
O adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2020, por causa da pandemia, provocou mudanças no calendário e nos processos seletivos das instituições de ensino superior. >
Normalmente realizado em novembro, para ingresso nas faculdades e universidades no início do ano letivo seguinte, a edição 2020 do exame foi postergada. Ela acontecerá em 17 e 24 de janeiro de 2021 (versão impressa) e em 31 de janeiro e 7 de fevereiro de 2021 (versão digital).>
Com isso, os resultados serão divulgados apenas em 29 de março, atrasando a entrada dos alunos aprovados nas universidades que usam o exame como processo seletivo.>
De acordo com o MEC (Ministério da Educação), 128 instituições públicas utilizaram o Enem por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) para ingresso de alunos no primeiro semestre de 2020. Para 2021, o MEC informa que o edital para as instituições aderirem ao Sisu ainda não foi publicado.>
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A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) já anunciou que não aceitará o exame para ingresso em 2021, devido à incompatibilidade de datas.>
Segundo a universidade, as 639 vagas oferecidas, que correspondem a cerca de 20% do total, serão transferidas para o vestibular tradicional, incluindo aquelas destinadas a alunos de escolas públicas e autodeclarados pretos e pardos.>
O ingresso na Unicamp via vestibular indígena e vagas olímpicas está mantido. A universidade prevê o início das aulas em 15 de março de 2021.>
Já a USP (Universidade de São Paulo) resolveu manter a adesão ao Enem por meio do Sisu. Das 11.147 vagas para ingresso em 2021, 8.242 serão destinadas ao vestibular da Fuvest e 2.905 ao Sisu. O início do ano acadêmico de 2021 está previsto para 22 de março, mas o ingresso dos calouros vai depender do calendário do Enem.>
A Unesp (Universidade Estadual Paulista) usará o Enem apenas para as vagas remanescentes, como já havia feito anteriormente.>
Entre as federais localizadas no estado de São Paulo, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) informaram que continuarão utilizando o Enem/Sisu. A UFABC (Universidade Federal do ABC) ainda não tem uma definição.>
"É uma decisão tomada anualmente em conselho superior da universidade. Mas não temos vestibular próprio nem condições para elaborar um neste momento. Além disso, acreditamos que o Sisu foi um avanço e defendemos a sua manutenção", diz Paula Ayako Tiba, pró-reitora de graduação da UFABC.>
No universo das instituições particulares, a situação é diversa. Uma parte vai aceitar a nota do Enem de edições anteriores, como 2019 e 2018. Outras farão seus próprios vestibulares online -como a Cásper Líbero e a PUC-SP. Uma terceira fatia oferece ambas as opções, caso da Metodista e do Mackenzie.>
Em outras instituições, como o Centro Universitário FEI, a Faap, a FGV e o Instituto Mauá de Tecnologia, além dessas duas opções, Enem e prova online, os candidatos também podem usar resultados de exames internacionais -Abitur (certificação alemã), BAC (Diplôme du Baccalauréat) e IB (International Baccalaureate) estão entre os mais comuns.>
Na ESPM, o vestibular agora tem duas etapas online -uma entrevista com um professor da instituição e uma redação, que consiste na elaboração de um texto e na gravação de um vídeo explicando o raciocínio utilizado. Além do vestibular, o candidato também pode ingressar por meio do Enem, se tiver a pontuação mínima exigida, ou de exames internacionais.>
No Insper, a segunda fase do processo seletivo já contava com redação, dinâmica em grupo e arguição oral. Neste ano, a diferença é que todas as atividades serão realizadas online e remotamente.>
Na primeira fase, o candidato concorre por meio do vestibular (prova online), nota do Enem (2018 ou 2019) ou do SAT (Suite of Assessments), avaliação americana.>
Segundo Marcelo Dias Carvalho, coordenador do Curso Etapa e da Faculdade Eseg, a diversificação de processos seletivos não deve impedir que o Enem continue ganhando força, principalmente entre as universidades públicas. "Nas particulares, o que deve ocorrer é um misto, com um peso para a prova do Enem e um peso para processos alternativos.">
Na mesma linha pensa Rodrigo Fulgêncio, diretor de unidades escolares do Poliedro. "O Enem já é o principal vestibular do país, e a tendência é que cada vez mais as públicas formalizem essa adesão. Eu vejo como algo positivo, pois é uma prova bem elaborada, que tem muitos locais de aplicação e democratiza o acesso", afirma.>
Levantamento da Quero Bolsa, plataforma de bolsas de estudo e vagas no ensino superior, com base nos microdados do Censo da Educação Superior do MEC, mostra que o número de instituições (públicas e privadas) que usam o Enem como processo seletivo (desconsiderando Fies e ProUni) passou de 1.289 para 1.622 entre 2015 e 2019. Dessas 1.622 (que representam 62% das instituições do país), 1.469 são privadas.>
Daniel Perry, diretor do Anglo Vestibulares, lembra que, a partir de 2021, o Enem também passará a ser aplicado de maneira seriada, ao final dos três anos do ensino médio. "O exame vai ganhar ainda mais importância, já que cada vez mais estudantes estarão fazendo essa prova.">
Neste contexto de intensas mudanças nos vestibulares, Gilberto Alvarez, diretor do Cursinho da Poli, destaca que, mais do que nunca, é importante o vestibulando buscar informações. "Acompanhar os editais e estar atento às novidades é fundamental", afirma.>
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