Publicado em 30 de outubro de 2019 às 09:23
O principal suspeito de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, o sargento aposentado da Polícia Militar, Ronnie Lessa, reuniu-se com outro acusado, o ex-policial militar Élcio Queiroz, no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. É o mesmo local onde o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa.>
A reunião ocorreu no dia do crime, em 14 de março de 2018. As informações são de depoimento obtido pelo Jornal Nacional, da TV Globo.>
Segundo depoimento de um porteiro do condomínio, obtido pelo programa, Élcio teria dito na portaria que iria à casa de Jair Bolsonaro, que na época era deputado. Os registros de presença da Câmara dos Deputados, no entanto, mostram que Bolsonaro estava em Brasília nesse dia.>
Segundo veiculado no Jornal Nacional, o livro de visitantes aponta que, às 17h10, Élcio informou que iria à casa de número 58. O porteiro disse no depoimento, no entanto, que acompanhou por câmeras a movimentação do carro no condomínio e que Élcio se dirigiu à casa 66, onde mora Lessa. >
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O porteiro teria ligado novamente para a casa 58; segundo ele, quem atendeu disse que sabia para onde Élcio estava se dirigindo.>
No depoimento, o porteiro teria dito que, nas duas vezes que ligou para a casa 58, foi atendido por alguém cuja voz julgou ser de Jair Bolsonaro.>
Bolsonaro tem duas casas dentro do condomínio -uma de sua família e outra onde reside um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL).>
Os investigadores estão recuperando os arquivos de áudio da guarita do condomínio para saber com quem o porteiro conversou naquele dia e quem estava na casa 58, segundo o Jornal Nacional.>
O advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, contestou à TV Globo o depoimento do porteiro, que classificou de farsa com o intuito de atacar a imagem do presidente. "Talvez, esse indivíduo tenha ido na casa de outra pessoa, e alguém, com intuito de incriminar o presidente da República, conseguiu um depoimento falso, onde essa pessoa afirma que falou com Jair Bolsonaro. O presidente não conhece a pessoa de Élcio, e essa pessoa não conhece o presidente", disse ele.>
As defesas de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz não responderam às tentativas de contato. Eles foram presos no dia 12 de março deste ano e posteriormente denunciados pelo Ministério Público sob acusação de terem cometido os homicídios de Marielle e Anderson. >
Ainda segundo o programa, no dia 17 de outubro representantes do Ministério Público do Rio foram até Brasília para uma consulta com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli.>
Sem avisar o juiz do caso no Rio, eles questionaram se poderiam continuar a investigação depois que foi citado o nome do presidente Bolsonaro. O ministro Dias Toffoli ainda não se pronunciou sobre o caso.>
Marielle Franco foi assassinada quando voltava de um debate com mulheres negras na Lapa, no centro do Rio, em março de 2018. Seu veículo foi atacado a tiros no Estácio. Ela, que estava sentada no banco de trás, foi atingida por quatro disparos na cabeça e Anderson, por três nas costas. A assessora Fernanda Chaves também estava no carro e sobreviveu.>
Investigação da Polícia Federal remetida à PGR (Procuradoria-Geral da República) em setembro diz, com base em depoimentos e interceptações de diálogos, que o conselheiro afastado do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Rio de Janeiro) Domingos Inácio Brazão é o principal suspeito de ser o mentor dos assassinatos.>
Em seu último dia no cargo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) cinco suspeitos de fraudar as investigações sobre o assassinato de Marielle e de Anderson, com o objetivo de impedir a identificação dos verdadeiros responsáveis pelos crimes.>
Brazão teria ligação com milicianos do Escritório do Crime -grupo formado por matadores de aluguel e que teria interesse na morte da vereadora. Ele foi afastado do cargo em 2017, durante a Operação Quinto do Ouro, que apontou pagamento de propinas a integrantes do TCE fluminense.>
Se o STJ abrir a ação penal requerida por Dodge, os suspeitos vão responder pelos crimes de obstrução de Justiça, favorecimento pessoal e falsidade ideológica.>
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