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Carro alegórico que prensou menina violou regras de trânsito e Carnaval

Carro alegórico que prensou menina violou regras de trânsito e Carnaval

A reprodução da morte da menina, feita pela Polícia Civil, indicou que veículo foi acoplado ao reboque por meio de correntes e parafusos, o que está em desacordo com as normas de trânsito

Publicado em 3 de junho de 2022 às 17:20

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura

O carro alegórico da escola de samba Em Cima da Hora que prensou a menina Raquel Antunes, 11, durante o Carnaval do Rio, em abril deste ano, infringiu normas do código de trânsito e do regulamento dos desfiles da série ouro.

Segundo laudo de reprodução da morte da menina, feito pela Polícia Civil, o veículo foi acoplado ao reboque por meio de correntes e parafusos, o que está em desacordo com as normas de trânsito. De acordo com o artigo 236 do código, rebocar outro veículo com cabo flexível ou corda, com exceção de casos de emergência, constitui infração média.

Desfile da Escola de Samba Em Cima da Hora
Desfile da Escola de Samba Em Cima da Hora. (Reprodução I Instagram @gresecdh)

Além disso, o carro alegórico da Em Cima da Hora desrespeitou o regulamento dos desfiles, documento que exige que as alegorias tenham, na parte dianteira, uma lança para engate ou guincho. A alegoria da agremiação não tinha essa peça, razão pela qual os funcionários precisaram usar correntes e parafusos para acoplar o veículo ao reboque.

A escola de samba Em Cima da Hora diz que teve acesso ao laudo e que tudo está sendo "devidamente esclarecido com as autoridades."

A falta de um guia no lado direito do carro é outro elemento que ajuda a explicar a tragédia. De acordo com o laudo, havia um guia na frente do reboque e outro à esquerda. Ambos tinham a função de orientar a saída do carro depois do desfile. No entanto, no lado direito, não havia nenhum profissional. Foi justamente o lado direito do carro que prensou Raquel contra o poste, que estava sem iluminação no dia do acidente.

A baixa luminosidade do lado direito, segundo o laudo, também contribuiu para o acidente. Isso porque o condutor do reboque não era capaz de perceber a presença de pessoas sobre o carro alegórico.

Os peritos também identificaram que o poste contra o qual Raquel foi prensada estava instalado sobre a guia da calçada, o que está em desacordo com as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

SOBRE O ACIDENTE

Raquel Antunes da Silva, 11, foi prensada entre um carro alegórico da escola de samba Em Cima da Hora e um poste na rua Frei Caneca no dia 20 de abril. O acidente aconteceu durante a dispersão da escola.

Marcela Portelinha, mãe da menina, disse que no dia do acidente levou a filha a uma praça perto do Sambódromo, onde elas fizeram um lanche.

Pouco depois, Raquel acabou se distanciando e subindo em cima do carro alegórico. Segundo Marcela, um dos irmãos da menina chegou a pedir que ela descesse da alegoria. "Mas ela falou que queria tirar foto para poder postar nas redes sociais."

Sem perceber que a criança estava lá, o condutor deu partida no veículo, o que acabou causando o acidente. Segundo a pastora Aline da Mota, que é amiga da família, tudo aconteceu muito rápido.

"Em 20 minutos, no máximo, uma coleguinha dela veio dizer que a Raquel tinha sofrido um acidente", afirmou à Folha a pastora da igreja Assembleia de Deus no Morro de São Carlos, frequentada pela família da menina.

"Não havia segurança alguma, ela subiu no carro alegórico para tirar foto e sentar. E daí aconteceu essa tragédia." A polícia trata o caso como homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar.

Imagens de câmeras de segurança mostram o acidente que matou a menina. No registro, é possível ver que apenas o guia da frente orientando o reboque que transportava o carro alegórico.

Após a menina ser prensada, é possível observar no vídeo uma intensa movimentação de pessoas na lateral da alegoria; alguns pedestres são vistos correndo em direção ao local do acidente.

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