Publicado em 15 de maio de 2020 às 08:54
O presidente Jair Bolsonaro disse na noite desta quinta-feira (14) que deverá fazer uma videoconferência com governadores para tratar do projeto de socorro aos estados aprovado pelo Congresso e só depois decidirá se vetará ou não trecho da proposta que permite reajuste salarial a categorias do funcionalismo.>
Bolsonaro conversou sobre o texto que destina auxílio financeiro aos gestores dos estados em reunião nesta quinta-feira (14) com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).>
"Ficou pré-acertado que [ele] pretende, juntamente comigo, fazermos uma vídeoconferência com os governadores de todo o Brasil e aí sair um compromisso no tocante a possível veto ou não de artigos desse projeto", explicou o presidente em entrevista na frente do Palácio da Alvorada.>
Bolsonaro disse que "talvez" o encontro virtual com os governadores ocorra na semana que vem. A ideia da reunião, disse o presidente, é de Maia.>
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Na segunda (11), Bolsonaro havia dito que decidira até esta quarta-feira (13) a respeito do veto e afirmou atenderia "100%" o ministro Paulo Guedes (Economia), o que mostra uma mudança no discurso desta quinta (14).>
Bolsonaro afirmou que "praticamente quase todos os prefeitos e governadores estão no limite da responsabilidade fiscal no tocante a gastos com servidor" e qualquer chefe de executivo teria dificuldade em reajustar salários.>
"O que eles [governadores] querem e o que o Rodrigo Maia demonstrou para mim é buscar, eu e ele, estamos falando a mesma linguagem nessa área, um entendimento numa vídeoconferência com os governadores", afirmou.>
Inicialmente, havia no projeto de socorro aos estados um dispositivo que previa entre as contrapartidas o congelamento de salários em municípios, estados e também na União até dezembro do ano que vem.>
O ministro Paulo Guedes (Economia) defende que a União, estados e municípios não concedam reajuste salarial aos servidores até o fim de 2021. Mas, em articulação chancelada por Bolsonaro, líderes governistas se uniram a parlamentares da oposição e do centrão para afrouxar a regra da equipe econômica.>
Uma lista de exceções, com categoria como policiais e professores, foi ampliada. A previsão de economia com essa medida foi reduzida de R$ 130 bilhões para R$ 43 bilhões. >
Depois da mudança no texto, Bolsonaro afirmou, na semana passada que, a pedido de Guedes, deverá vetar o dispositivo que poupa algumas categorias do congelamento, inclusive setores da base de apoio do governo, como policiais e oficiais das Forças Armadas. >
Nesta quinta (14), o presidente disse que os estados e municípios estão em situação crítica, que a economia sofreu "um solavanco" e que eles teriam dificuldade em reajustar salários, mas não afirmou se vetará o trecho da proposta. >
"A ideia é tratar do assunto, porque esse assunto com os governadores é um socorro de, se não me engano, R$ 60 bilhões para governadores e prefeitos. E a preocupação do Paulo Guedes, que é justa, é que esse dinheiro não seja usado para qualquer reajuste salarial", disse. >
Questionado se vai buscar um compromisso de que eles não façam reajustes, Bolsonaro disse que "a ideia do Rodrigo Maia é buscar esse entendimento". "Eu, ele (Maia), conversando com os governadores, eu e ele, lado a lado, Paulo Guedes, logicamente, na linha de frente e buscar uma solução para isso aí", afirmou. >
Bolsonaro ainda disse que quer aproveitar a reunião com governadores para "trocar impressões" sobre a possibilidade de reabrir os comércio. "Já se começa a falar que esse vírus não vai embora daqui um mês ou dois meses. Pode durar mais de um ano e a nossa economia está no limite, com o desemprego, o pessoal em casa, começa a faltar tudo", avaliou Bolsonaro. ? >
Maia e Bolsonaro se reuniram nesta quinta após uma série de embates por declarações públicas críticas de ambos. Segundo o presidente, não há "ataques" e eles estão em "paz e harmonia". >
No encontro, também conversaram sobre reformas com o presidente da Câmara e o que dá para ser "potencializado" agora. "Ele está muito simpático. Não convenci a nada. Essa [reformas] já era bandeira dele, só está faltando a gente botar em prática. Parece que o mar está de almirante, dá para a gente buscar solução para tudo isso", disse. >
Pressionado pelos líderes do Senado, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) suspendeu as votações dos projetos marcadas para esta quinta-feira (14) para cobrar de Jair Bolsonaro um posicionamento sobre matérias já aprovadas na Casa. >
Entre os projetos que tiveram votação adiada está o que prevê congelamento nos preços de medicamentos e planos de saúde durante a pandemia e o que limita em 20% os juros de cheque especial e de cartão de crédito no mesmo período. >
Validador do voto dos parlamentares no projeto de ajuda financeira a estados e municípios durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, o presidente do Senado tem sido alvo de cobranças devido à morosidade do governo quanto à sanção da medida, que está parada no Palácio do Planalto desde o último dia 6. >
Embora não tenha se reunido pessoalmente com Bolsonaro nesta quinta-feira, Davi antecipou a aliados que a expectativa é que o presidente da República possa sancionar a medida ainda nesta sexta-feira (15). >
Se o ato se concretizar, o repasse da primeira parcela da ajuda aos entes federados poderia estar nas contas ainda na próxima semana. >
"O presidente (Davi) está conversando com o presidente para mostrar a importância do projeto e garantir a sanção. Ele (Davi) é assim, gosta de conversar, de chegar ao acordo. Esperamos que ele garanta o projeto sancionado da forma que votamos. Não vamos aceitar vetos", disse o líder do PDT, Weverton Rocha (MA), integrante da Mesa Diretora do Senado. >
A construção do texto que prevê ajuda de R$ 125 bilhões aos entes federados foi feita pelo próprio Alcolumbre, que foi relator da matéria. A demora na sanção, contudo, se deu em um ponto específico: ao flexibilizar as regras para o congelamento salarial - o que, na prática, abriu brechas para que sejam concedidos reajustes para algumas categorias como policiais e professores -, o projeto ainda não foi sancionado. >
O ministro Paulo Guedes (Economia) defendeu o veto do presidente ao reajuste salarial. O presidente já afirmou que irá vetar o reajuste. Diante da possibilidade do veto, os senadores já afirmaram que vão derrubar a decisão de Bolsonaro. >
Perante um impasse, a Secretaria Geral do Senado já comunicou que vetos não trancam a pauta das sessões remotas, ao contrário do que ocorre nas sessões presenciais. Com isso, o possível veto do presidente ficaria valendo enquanto não for apreciado. >
"A circunstância é totalmente prejudicial para os estados e municípios. Votamos um projeto e agora ele não está sancionado. O Executivo tem ignorado o trabalho do Congresso, agido com desrespeito", disse o líder da Rede, Randolfe Rodrigues (AP). >
Ainda nesta quinta (14), em audiência com os integrantes da Comissão Especial que analisa os gastos para o combate à pandemia causada pelo coronavírus, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, defendeu que não haja reajuste salarial aos servidores públicos. >
"Acho que isso é um sacrifício eu diria até pequeno em meio a uma crise tão crise, em que mais de 5 milhões de trabalhadores no setor privado estão tendo seus contratos de trabalho suspensos ou salários reduzidos. Então, a gente não ter aumento por um ano e meio não é nada anormal, eu diria até algo necessário. É claro que isso não impede que se criem bônus temporários para alguns trabalhadores que estão se esforçando muito neste período de combate ao coronavírus", disse. >
O pacote prevê que R$ 10 bilhões serão repassados diretamente para o enfrentamento ao coronavírus - R$ 7 bilhões aos cofres de estados e do Distrito Federal e R$ 3 bilhões aos dos municípios. >
O restante do valor a ser transferido (R$ 50 bilhões) será distribuído de duas formas, sendo R$ 30 bilhões distribuídos diretamente aos estados e ao DF e os outros R$ 20 bilhões municípios. >
O rateio será feito segundo a regra de proporção, levando em consideração critérios mistos, como as perdas de ICMS (imposto estadual) e de ISS (municipal) causadas pela pandemia e o número de habitantes. >
Apesar de o governo ter aceitado elevar o valor das transferências diretas para R$ 60 bilhões, o montante ainda ficou abaixo da versão do plano de auxílio aprovado pela Câmara em abril, que, segundo o Tesouro Nacional, poderia ter custo acima de R$ 200 bilhões. >
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