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Bolsonaro insistirá em ação contra PSL para garantir verba para Aliança

Bolsonaro insistirá em ação contra PSL para garantir verba para Aliança

Advogados do presidente apostam em representações na PGR para garantir mandato de deputados e dinheiro de fundo

Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 12:23

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Presidente da República, Jair Bolsonaro conversa com a Imprensa. (José Dias/PR)

O presidente Jair Bolsonaro aposta na atuação da PGR (Procuradoria-Geral da República) para garantir que um grupo de cerca de 20 deputados migrem do PSL, seu antigo partido, para a Aliança pelo Brasil, sua nova legenda, mantendo os mandatos e as respectivas fatias dos fundos partidário e eleitoral.

A equipe jurídica que auxilia o clã Bolsonaro na criação da Aliança pretende encaminhar nos próximos dias ao procurador-geral da República, Augusto Aras, os primeiros relatórios de uma auditoria que está sendo feita nas contas do PSL.

Os documentos serão anexados a uma representação já levada à PGR em 30 de outubro. Nela, Bolsonaro pediu o bloqueio do fundo partidário do PSL e o afastamento do presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE).

O pedido aponta suspeita de enriquecimento ilícito dos dirigentes e dano ao erário.

Bolsonaro solicitou à PGR que abra uma investigação para a "apuração dos indícios de ilegalidades" na movimentação do dinheiro que é repassado ao PSL pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "em nome da transparência, da moralidade e do resguardo e da proteção do patrimônio público".

Como, no fim de outubro, Bolsonaro ainda não havia batido o martelo sobre a saída do PSL, a ideia inicial de seus advogados era, por meio de ação civil pública, conseguir a destituição da direção do partido. Bem-sucedida, a manobra poderia dar à família Bolsonaro o comando da legenda.

Agora, diante da decisão de fundar a Aliança, o objetivo final é provar que a atual direção do PSL não usou corretamente a verba do fundo e que, por isso, como gestor de dinheiro público, o grupo deve responder por improbidade administrativa.

A tese é amparada em trechos de um livro de Aras, "Fidelidade Partidária: Efetividade e Aplicabilidade", cuja última edição é de 2016. A expectativa é que isso atraia o interesse do procurador-geral de agir no caso e criar, a partir dele, uma jurisprudência para os partidos em geral.

O PSL nega irregularidades. "Não existem indícios a serem apurados porque não existe qualquer irregularidade no PSL. O partido tem agido com a mesma lisura, ética e transparência que fez com que o então candidato Jair Bolsonaro escolhesse a legenda", afirma o deputado Junior Bozzella (SP), vice-presidente da sigla.

"O PSL é o partido com a maior transparência do Brasil. Todas as movimentações financeiras estão publicadas em tempo real no site do partido. Essa coisa de caixa preta é folclore, fake news, uma muleta criada para apoiar a justificativa da saída de 20 parlamentares do partido sem perder o mandato e levando o fundo partidário. Se isso não é ilegal, é no mínimo imoral", afirma.

A equipe jurídica que auxilia Bolsonaro estuda defender junto à Justiça que houve fraude no uso dos fundos partidário e eleitoral pelo PSL.

O entendimento é que há espaço para a discussão do tema, pois haveria um precedente de 2018 no qual o TSE bloqueou o fundo partidário e suspendeu o tempo de TV do PMB (Partido da Mulher Brasileira).

A representação fala do "sucesso do PSL na campanha eleitoral de 2018" graças ao ingresso de Jair Bolsonaro.

Segundo os advogados, ao eleger 52 deputados, o partido teve um "súbito incremento de mais de dez vezes nos recursos públicos", em 2019. Hoje, o PSL tem a segunda maior bancada da Câmara, com 53 deputados --o que lhe garantiu R$ 110 milhões de fundo partidário neste ano.

"Calha a responsabilidade de rigoroso acompanhamento das despesas do partido não somente pela Justiça Eleitoral, como também por todos aqueles que tenham interesse na manutenção da moralidade e transparência nos gastos de recursos majoritariamente públicos", diz a representação assinada pelo advogado Admar Gonzaga, ex-ministro do TSE e advogado da Aliança.

O entendimento atual da Justiça é que os recursos dos fundos partidário e eleitoral e o tempo de rádio e TV pertencem ao partido, não ao deputado. Hoje, a distribuição do fundo partidário (que banca o funcionamento das legendas) leva em conta os votos na última eleição para a Câmara.

As divisões do fundo eleitoral e do tempo de propaganda no rádio e na TV também são feitas com base nos dados das últimas eleições gerais. Caso o Congresso aprove o aumento do fundo eleitoral para R$ 3,8 bilhões, o PSL pode embolsar cerca de R$ 370 milhões para as eleições de 2020.

A representação feita à PGR diz que o PSL tem apresentado suas contas ao TSE de "forma precária" e lança suspeitas contra a cúpula do PSL.

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Os advogados da Aliança estudam ainda ingressar com uma segunda representação na PGR. O foco deve ser a garantia dos mandatos dos deputados que migrarem para a sigla. A legislação permite determinadas situações de migração sem perda de mandato. Entre os exemplos estão mudança substancial do programa partidário e grave discriminação pessoal.

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