Publicado em 20 de dezembro de 2019 às 09:00
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou nesta quinta-feira (19) um parecer jurídico da AGU (Advocacia-Geral da União) que permite que agricultores com propriedades consolidadas até julho de 2008 voltem a produzir na região da mata atlântica. O documento permitirá ainda que aqueles que foram penalizados por cultivo nessas áreas podem ter suas multas canceladas. >
O documento foi assinado durante uma cerimônia fechada no Palácio do Planalto e transmitida pelas redes sociais. No início da noite, o presidente comemorou o parecer da AGU durante sua live semanal.>
"Um parecer que é muito importante para o pessoal que está aí na região da mata atlântica. Permite aos agricultores que voltem a produzir nas áreas consolidadas até 2008", disse.>
Ele disse ainda que produtores estavam sendo penalizados com multas pelo que ele considerou uma interpretação errada da lei. >
>
"A partir de 2008 não se podia mais produzir tendo em vista o entendimento da AGU daquela época. O entendimento mudou e para melhor.">
O presidente estima que cerca de 220 mil agricultores poderão retomar as atividades. "E o mais importante, quem foi multado naquela época poderá voltar a produzir", disse.>
De acordo com informações da AGU, responsável pelo parecer, fica reconhecido a partir do documento a aplicabilidade legal do Código Florestal brasileiro no bioma da mata atlântica. >
O chefe da AGU, ministro André Luiz Mendonça, disse que serão beneficiados 996 municípios brasileiros em 10 estados. >
O parecer dá a interpretação de que o Código Florestal de 2012 admite a produção agropecuária na mata atlântica.>
A pasta usa a interpretação de que dois artigos da norma (61-A e 61-B) preveem a continuidade de atividades agropecuárias em áreas de preservação ambiental que tenham sido fixadas no bioma até 22 de julho de 2008.>
O desmatamento na mata atlântica, entre 2017 e 2018, atingiu alcançou o menor valor já registrado --113 km². Hoje, somente cerca de 12% do bioma ainda está de pé em áreas fragmentadas (principalmente em propriedades particulares) e próximas aos principais centros urbanos do país. >
Bolsonaro, desde o período eleitoral, tem atacado a fiscalização por órgãos ambientais. O próprio presidente já foi multado por pesca ilegal, em 2012. Em junho deste ano, uma decisão do Ibama afirmou que a multa prescreveu em 31 de janeiro de 2018.>
A penalidade de R$ 10 mil por pesca dentro da Esec (Estação Ecológica) de Tamoios, unidade de conservação em Angra dos Reis, nunca foi paga por Bolsonaro. >
O desmatamento em outros biomas brasileiros tem preocupado pesquisadores. A Amazônia bateu o recorde da década de destruição e teve o maior aumento percentual em mais de 20 anos. Bolsonaro minimizou o recorde de desmate e afirmou que se trata de uma questão cultural no Brasil e que a destruição não acabará.>
O cerrado também sofre com o desmatamento. Com metade do tamanho da Amazônia, o cerrado sofre com níveis de desmate comparáveis aos do bioma amazônico nos últimos anos.>
Entre agosto de 2018 e julho de 2019, o cerrado teve 6.483 km² devastados, principalmente por atividades de produção de carne e soja.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta