Publicado em 14 de novembro de 2021 às 12:00
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse neste domingo (14) que considera difícil sua filiação ao Partido Liberal (PL) ocorrer no próximo dia 22, como estava previsto. >
Segundo Bolsonaro, divergências em composições estaduais na eleição do ano que vem colocam em dúvida a migração para o partido, comandado há décadas pelo ex-deputado Valdemar da Costa Neto (SP).>
"O casamento tem que ser perfeito. Se não for 100%, que seja 99%. Se até lá nós afinarmos pode ser, mas eu acho difícil essa data, 22. Tenho conversado com ele [Valdemar], estamos de comum acordo que podemos atrasar um pouco esse casamento, para que ele não comece sendo muito igual aos outros", afirmou Bolsonaro, que deu as declarações durante visita à Dubai Air Show, feira aérea no emirado do Golfo Pérsico.>
Um dos grandes entraves à filiação, de acordo com Bolsonaro, é a situação de São Paulo, onde o PL tem a intenção de apoiar a candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB) ao governo.>
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Os bolsonaristas descartam essa hipótese, já que Garcia terá o apoio do atual governador, João Doria (PSDB), um dos principais adversários do presidente.>
Bolsonaro pretende lançar para o governo o atual ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. "A gente não vai aceitar em São Paulo o PL apoiar alguém do PSDB. Não tenho candidato em São Paulo ainda, talvez o Tarcísio aceite esse desafio. Seria muito bom para São Paulo e para o Brasil, mas temos muita coisa a afinar ainda", afirmou o presidente.>
Ele também afirmou que há questões programáticas que precisam ser conversadas com o cacique do PL. "Nós queremos um projeto de Brasil, e o discurso não é apenas o meu, é do presidente do partido também. Temos que estar alinhados. Por exemplo, o discurso meu e do Valdemar nas questões das pautas conservadoras, nas questões de interesse nacional, na política de relações exteriores, que está indo muito bem", disse o presidente.>
Segundo ele, a filiação só vale quando estiver assinada. "Enquanto não assinar, não vale. Você já quer saber a data da criança se eu nem casei ainda?", afirmou, repetindo uma de suas metáforas preferidas.>
Bolsonaro está sem partido há cerca de dois anos, desde que rompeu com o PSL, legenda pela qual se elegeu. Neste período, ele tentou várias alternativas, a começar da criação de um novo partido, o Aliança Pelo Brasil, mas a empreitada fracassou.>
Depois, flertou com diversas legendas, como PTB, PRTB, Patriota e PP, até definir-se pelo PL, mas com a condição de que pudesse ter controle total sobre o partido, incluindo a definição dos palanques estaduais. Além de São Paulo, há problemas também em estados do Nordeste, que tendem a apoiar o PT.>
Segundo o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que acompanha o pai na viagem, os maiores entraves estão nos estados da Bahia, Pernambuco e Piauí. "Isso é inegociável para nós, o nosso eleitor jamais entenderia se o nosso partido apoiasse candidatos de esquerda", declarou o senador.>
Ele disse que seu pai está disposto a apoiar candidatos do PL ao Senado em vários locais, como Romário no Rio de Janeiro e Wellington Fagundes no Mato Grosso.>
Flávio afirmou que o presidente está em contato permanente com Valdemar, e que um acordo ainda é possível. "É contornável. O Valdemar é uma pessoa muito pragmática", declarou.>
O chefe do PL já teve alianças bastante díspares em sua longa trajetória na política. Em 2002, por exemplo, ele apoiou a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), indicando inclusive o candidato a vice, o então senador José Alencar (MG).>
Outro complicador para a situação em São Paulo é a aproximação entre Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).>
Alckmin era um dos possíveis aliados identificados pelo bolsonarismo no maior colégio eleitoral do país. "Estávamos dispostos a conversar com o Alckmin, o Valdemar chegou a fazer esse contato. Mas agora essa conversa suicida do Alckmin com o Lula fecha essa porta", disse Flávio.>
Já o presidente disse que Alckmin está desinformado ao fazer gestos de apoio ao ex-presidente. "PT e PSDB nunca foram tão iguais. A partir do momento que eu vejo o Alckmin dizendo que Lula respeita a democracia, é sinal de que o Akckmin não conhece nada fora do Brasil. Ele poderia ver como está o regime venezuelano, como está vivendo o povo lá", disse Bolsonaro.>
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