Publicado em 23 de junho de 2023 às 11:34
PORTO ALEGRE - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mudou o tom sobre o julgamento dos seus direitos políticos no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Após o tom de conformismo dos últimos dias, quando reclamou ser alvo de um "julgamemto politiqueiro", Bolsonaro declarou acreditar em um pedido de vista e citou a jurisprudência do julgamento do chama Dilma-Temer, em 2017.>
O ex-presidente está desde quinta-feira (22) em Porto Alegre. Nesta sexta-feira (23), ele participará de um evento de filiação de prefeitos ao PL na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.>
Questionado em entrevista à Rádio Gaúcha se acreditava que o julgamento teria um desfecho rápido, Bolsonaro citou a possibilidade de um pedido de vista do ministro Raul Araújo Filho.>
"O primeiro ministro a votar depois do relator, o ministro Benedito (Gonçalves), é o ministro Raul. Ele é conhecido por ser o o jurista bastante apego à lei. Apesar de estar em um tribunal político eleitoral, há uma possibilidade de pedido de vista. Isso é bom porque ajuda a gente a ir clareando os fatos", disse.>
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Sobre os rumos do julgamento em si, Bolsonaro disse que, "em julgamento justo", espera que os seus direitos políticos sejam mantidos.>
"Houve uma jurisprudência em 2017. Quando julgaram a chapa Dilma-Temer e o tribunal não aceitou outras provas anexadas ao processo. Ficou valendo para o julgamento apenas a ação inicial do PSDB em 2015. Dessa forma, a chapa foi mantida legal. Naquele momento Dilma Rousseff não era mais presidente, foi cassada no ano anterior e mantidos os direitos políticos dela e dessa forma Michel Temer continuou presidente da República", disse o ex-presidente.>
O argumento é que, em 2017, o TSE não aceitou fatos novos na hora de julgar Dilma e Temer. Por isso, a avaliação do seu caso, para ele, deveria se reter apenas à reunião feita com embaixadores, e não a declarações posteriores questionando as urnas, por exemplo.>
No julgamento de 2017, a maioria dos ministros do TSE optou por não levar em conta delações de empresários da empreiteira Odebrecht que mencionavam doações para a campanha de Dilma e Temer e planilhas da empresa sobre pagamentos de propina.>
"Quando se acontece uma coisa dessas, cria-se uma jurisprudência. E a mesma coisa deverá ser feita por parte do TSE não aceitando outras possíveis provas inseridas no processo inicial do PDT lá atrás", disse Bolsonaro.>
Caso condenado, ele estará apto a se candidatar novamente em 2030, aos 75 anos, ficando afastado portanto de três eleições até lá, incluindo a próxima nacional, em 2026.>
Bolsonaro também foi questionado sobre o 8 de janeiro de 2023 e disse que não considerar os acontecimentos daquele dia um golpe de estado. "Que golpe é esse dado no domingo com cadeiras vazias? Que golpe é esse que você vai dar com senhorinhas com bandeira do Brasil e Bíblia debaixo do braço?", disse.>
Bolsonaro também foi questionado sobre a sua gestão da pandemia. Além de repetir que não se vacinou contra a Covid-19 e que não pretende fazê-lo, o ex-presidente disse que privilegiou a autonomia médica e que a eficácia de medicamentos "muitas por vezes por acaso".>
"Quantos morreram [de Covid-19] em penitenciárias? Quase ninguém. Porque eles tomavam um remédio chamado ivermectina que era para chato. Pode ser que dê certo, pode ser que não dê, eu não vou ser aquele a dar a palavra final. Dei autonomia para o médico", disse.>
Não é verdadeiro que quase ninguém morreu de Covid-19 em penitenciárias.>
Um levantamento do Conselho Nacional de Justiça contabilizou 661 mortes por Covid no sistema prisional entre presos e servidores até março de 2022, mesmo eles estando entre os grupos prioritários de vacina e não estarem, em sua maioria, na idade mais crítica para óbitos da doença.>
Em janeiro de 2022, o número de mortes entre presidiários chegou a crescer 225% em comparação ao mês do ano anterior -de 31 para 117.>
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