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Assembleia Legislativa do Rio decide abrir processo de impeachment contra Witzel

Assembleia Legislativa do Rio decide abrir processo de impeachment contra Witzel

Em votação inicial, foram protocolados 14 pedidos de afastamento contra o governador do Rio na Casa, após ele ter sido alvo de operação Placebo

Publicado em 10 de junho de 2020 às 17:03

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Pronunciamento do Governador Wilson Witzel
Pronunciamento do Governador Wilson Witzel. (Carlos Magno)

Duas semanas após a deflagração da operação da Polícia Federal que chegou ao Palácio das Laranjeiras, a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) votou a favor da abertura de um processo de impeachment contra o governador Wilson Witzel (PSC). A sessão teve início às 15h15 e, pouco mais de uma hora depois, a maioria dos deputados já havia se posicionado favoravelmente.

Normalmente, a abertura do processo é uma decisão que cabe apenas ao presidente da Casa - atualmente, o deputado estadual André Ceciliano (PT). Apesar disso, ele realizou uma espécie de votação simbólica no plenário para determinar o prosseguimento. Até esta quarta-feira (10), havia 14 pedidos de impeachment na mesa diretora da Alerj. "Eu poderia monocraticamente aceitar um dos pedidos, mas quero tomar essa decisão com vossas excelências", afirmou Ceciliano no início da sessão.

Com a abertura do processo e a publicação em Diário Oficial, os partidos terão 48 horas para indicar representantes de uma comissão especial que analisará a admissibilidade da denúncia. Witzel será notificado para apresentar defesa no prazo de dez sessões. Depois que a comissão emitir seu parecer, uma votação nominal será aberta para que os deputados decidam a favor ou contra o recebimento da denúncia.

Se a maioria for favorável, Witzel será temporariamente afastado. Em seguida, será formado um tribunal misto de julgamento, com parlamentares da Alerj e desembargadores do Tribunal de Justiça. Eles serão responsáveis por votar a favor ou contra o afastamento definitivo do governador.

Segundo o Ministério Público Federal, há indícios de participação ativa de Witzel quanto ao conhecimento e ao comando das contratações suspeitas.Dois dias após a operação da PF, ao fim do mês passado, Witzel fez um movimento que piorou ainda mais sua relação com a Assembleia.

Dois dias após a operação da PF, ao fim do mês passado, Witzel fez um movimento que piorou ainda mais sua relação com a Assembleia. Na ocasião, ele exonerou dois desafetos do seu então secretário de Desenvolvimento Econômico e braço direito, Lucas Tristão, inflando seu poder. Tristão, que também foi alvo da operação, mantinha péssima relação com a Casa.

O movimento levou o deputado Márcio Pacheco (PSC) a entregar o cargo de líder do governo na Alerj. Acuado, Witzel optou pela demissão de Tristão poucos dias depois.

Informações de bastidores dão conta de que Witzel se sente ameaçado por Tristão, seu ex-aluno, que foi um dos articuladores de sua campanha e que teria vasto conhecimento sobre as práticas do governo. Tristão mantém um relacionamento próximo com o empresário Mário Peixoto, que também é alvo das investigações. Peixoto foi preso no dia 14 de maio pela Operação Favorito, da PF, que mirou desvios em contratos da saúde envolvendo organizações sociais.

Teria sido Tristão quem levou a cabo a assinatura do contrato de R$ 540 mil entre o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel, e uma empresa de Peixoto.

O ex-secretário é visto pelos parlamentares como uma figura de perfil agressivo e com tendência ao confronto. Em fevereiro, abriu-se uma crise entre a Alerj e o governo após Tristão dizer a deputados que eles eram alvo de dossiês e que havia escutas na Casa. Ceciliano chegou a questionar o governador sobre a existência das supostas escutas, em requerimento no Diário Oficial.

A Assembleia também pediu que o Ministério Público investigasse o caso. Até o momento, não houve retorno. Witzel e Tristão negaram as acusações.

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