Publicado em 17 de outubro de 2019 às 18:43
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou nesta quinta-feira (17) em suas redes sociais uma mensagem dizendo ser favorável à prisão após condenação de segunda instância. Mais tarde, no entanto, a publicação foi apagada.>
"Aos que questionam, sempre deixamos clara nossa posição favorável em relação à prisão em segunda instância. Proposta de Emenda à Constituição que encontra-se no Congresso Nacional sob a relatoria da deputada federal Caroline de Toni (PSL-SC)", havia publicado Bolsonaro em sua conta no Twitter. >
Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente e vereador na cidade no Rio de Janeiro, assumiu a autoria da mensagem e pediu desculpas pelo ocorrido.>
"Eu escrevi o tweet sobre segunda instância sem autorização do presidente. Me desculpem todos!", escreveu o vereador na sua conta do Twitter. "A intenção jamais foi atacar ninguém! Apenas expor o que acontece na Casa Legislativa!", afirmou o vereador. >
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Foi a primeira vez que Carlos assumiu que atualiza redes sociais do pai.>
A declaração de apoio do presidente, embora ele tratasse de um projeto legislativo, coincidiu com o início de julgamento sobre o tema pelo plenário do STF (Supremo Tribunal Federal). A corte começou na tarde desta quinta a analisar uma ação que está entre as mais esperadas dos últimos anos e que deve dar uma resposta definitiva sobre a constitucionalidade da prisão de condenados em segunda instância.>
A responsabilidade pela atualização das redes sociais de Bolsonaro sempre foi alvo de questionamentos. O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, nunca esclareceu quem tinha acesso às senhas do presidente, mas se limitava a dizer que a responsabilidade pelo conteúdo é dele.>
"O Twitter é de Jair Messias Bolsonaro, então, naturalmente, Jair Messias Bolsonaro é responsável por aquilo que é publicado. O presidente é responsável por aquilo que é publicado no Twitter", disse o porta-voz à imprensa em 8 de março deste ano.>
A jurisprudência do STF autoriza desde 2016 a execução provisória da pena, antes de esgotados os recursos nos tribunais superiores. >
Nos últimos dez anos, o plenário do Supremo enfrentou esse tema ao menos cinco vezes, na maioria delas ao analisar casos concretos de pessoas condenadas ?o último foi o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso mais célebre da Operação Lava Jato.>
Agora, o tribunal vai julgar o mérito de três ações que tratam do assunto de maneira abstrata, sem estar atrelado a um determinado réu ?embora a sombra do petista permaneça sobre a corte. >
Lula, preso em Curitiba desde abril de 2018, é um dos que podem se beneficiar com uma eventual mudança de entendimento.>
Na manhã de quarta-feira (16), Bolsonaro recebeu 3 dos 11 ministros do Supremo no Palácio do Planalto. Ele teve uma audiência com os ministros Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, que preside a corte. Na sequência, falou em separado com Gilmar Mendes. >
Os temas tratados nas agendas não foram divulgados pelo Palácio do Planalto.>
O porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, disse que Bolsonaro não comentaria por entender que "não é o caso".>
"É decisão pessoal, de foro íntimo do presidente comentar ou não comentar como foram as suas eventuais audiências", disse.>
"Ele entende que não é o caso de colocar o que foi tratado, mas é uma audiência republicana, como todas o são", afirmou.>
Questionado sobre a proximidade do início do julgamento do STF, Rêgo Barros negou que haja relação entre os eventos. >
"Não há uma relação de causa e efeito entre os julgamentos que estão por vir no STF e essa visita dos ministros do STF ao presidente.">
O julgamento do tribunal foi tema de publicação de outro integrante do governo, o general Eduardo Villas Bôas, assessor especial do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e ex-comandante do Exército. >
Villas Bôas citou uma fala de Rui Barbosa sobre corrupção e, na sequência, diz que as instituições brasileiras fazem esforço para o combate à impunidade. >
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto", escreveu o general como reflexão de Rui Barbosa de 1914.>
"Essa síndrome, reflexionada por Rui Barbosa, infelizmente assolou nosso país ao longo do último século. Contudo, experimentamos um novo período em que as instituições vêm fazendo grande esforço para combater a corrupção e a impunidade, o que nos trouxe ??gente brasileira? de volta a autoestima e a confiança. É preciso manter a energia que nos move em direção à paz social, sob pena de que o povo brasileiro venha a cair outa vez no desalento e na eventual convulsão social", diz o texto.>
Esta é a segunda vez que o militar usa as redes sociais para tratar de questões de corrupção às vésperas de julgamentos do STF que podem beneficiar Lula. >
Em abril de 2018, quando estava à frente do Exército, escreveu que repudiava a impunidade na véspera do julgamento do habeas corpus impetrado pelo ex-presidente.>
Na ocasião, ele disse que a instituição que comandava estava ainda "atenta às suas missões institucionais", sem detalhar o que pretendeu dizer com a expressão.>
Villas Bôas recebeu na tarde de quarta a visita de Bolsonaro, que o definiu como uma "excelente pessoa, um patriota, um homem que tem muita vontade de viver, oferece muitas coisas ao Brasil ainda".>
O general passou cerca de dez dias hospitalizado em decorrência de complicações de uma doença degenerativa.>
"Tratei alguns assuntos reservados com ele e que não vou passar para vocês, obviamente. Ele vibrou. E muita coisa, antes de eu tomar uma decisão, eu ainda falo com ele como falo com o general Heleno", afirmou o presidente ao deixar a casa do ex-comandante do Exército.>
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