Publicado em 12 de julho de 2022 às 21:50
O anestesista Giovanni Quintella Bezerra, preso pelo estupro de uma paciente que estava dopada e passava por uma cesárea, é réu em um processo por negligência médica devido a atendimentos realizados em 2018 em um hospital de Duque de Caxias (RJ).>
Além de Bezerra, a paciente ingressou com ação contra outros dois médicos, contra o Hospital de Clínicas Mário Lioni e contra a Amil, empresa responsável pela unidade.>
O anestesista prestava serviços ao hospital até esta segunda (11) na equipe de plantão da recuperação pós-anestésica, mas teve o credenciamento cancelado após a prisão.>
Procurado, o hospital e a operadora afirmaram que "o referido processo não possui qualquer relação com o tema das acusações recentes contra Giovanni Quintella Bezerra" e que apresentaram suas defesas dento do prazo legal, em janeiro de 2020. Dizem ainda que o processo "se encontra ainda em fase inicial de apuração", sem a defesa dos médicos envolvidos.>
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Conforme a petição inicial do processo, a paciente era uma mulher à época com 28 anos que foi três vezes ao Mário Leoni.>
Ela estava com o vírus H1N1, mas a doença só foi diagnosticada corretamente 21 dias depois de sua primeira ida ao hospital, quando ela foi levada para outra unidade.>
Após desenvolver uma trombose e entrar em coma, ela teve parte de um dedão amputado, encurtamento de uma das pernas, atrofia, cicatrizes e perda de memória. Depois de recuperada, alega ter danos psicológicos, necessidade de tratamentos médicos e incapacidade de trabalhar.>
A autora da ação pede indenizações por danos morais e estéticos que somam R$ 500 mil e uma indenização mensal de R$ 3.350, baseada nos seus rendimentos anteriores como atendente de uma lanchonete e cabeleireira.>
Ainda conforme o processo, ela procurou o pronto-atendimento do Mário Leoni pela primeira vez em 5 de julho de 2018 com "delírios, calafrios, dificuldade na respiração, falta de ar, tossindo muito e tontura". Após fazer um exame de sangue e uma tomografia no estômago, o diagnóstico foi de infecção urinária. Ela foi medicada e liberada.>
Bezerra, que à época trabalhava como socorrista, foi o médico que atendeu a mulher pela segunda vez, no dia seguinte. Ela voltou ao local com os mesmos sintomas iniciais e também com "tosse com sangue, intensa falta de ar e dor no pulmão".>
"Ele a tratou com indiferença, não prescreveu exames. Falou que ela estava muito ansiosa e deveria procurar um psicólogo para espairecer", declara Rafaela Poell, advogada da paciente.>
Um terceiro atendimento foi realizado no mesmo hospital no dia 21. Conforme a defesa da paciente, o terceiro médico se baseou nos exames do dia 5, não realizou exames clínicos na paciente e apenas receitou analgésicos ao constatar que ela estava "em bom estado geral". Conforme a defesa do hospital, nesse dia ela teria efetuado um exame de urina, sem anormalidade.>
Cinco dias depois, já em estado catatônico, ela foi levada ao Hospital Irajá, no Rio, onde realizou exames que apontaram que uma pneumonia tinha comprometido 75% do pulmão. Ela passaria os próximos 13 dias em coma e sairia da UTI só 28 dias da internação. A partir do material coletado, chegou-se ao diagnóstico de H1N1.>
Bezerra e os demais médicos envolvidos no processo não apresentaram representantes legais ou contestação. A única defesa em curso é a do hospital e da Amil, representados pelo mesmo advogado. O processo corre na 5ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio desde outubro de 2019.>
Em sua contestação, o Mário Leoni e a Amil argumentam que, em alegações de erro médico, "o hospital e a operadora de saúde só respondem objetivamente após a comprovação da culpa na negligência, imprudência ou imperícia do profissional".>
Na visão deles, os réus realizaram os seus trabalhos "de forma adequada e tempestiva, sem que as complicações posteriores tenham sido relacionadas direta ou indiretamente com a dinâmica de cuidados desenvolvidas no hospital". Alega também que a paciente ainda não havia contraído o H1N1 quando realizou os atendimentos.>
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