Publicado em 30 de setembro de 2021 às 17:09
O bioma amazônico presente nos países sul-americanos perdeu cerca de 52% da sua área de neve de 1985 a 2020. Sim, você não leu errado: também há neve na região. Além disso, de toda a cobertura vegetal da Amazônia, 15% já foram devastados -uma área comparável ao tamanho do Chile. >
Essa destruição, alertam cientistas, pode estar se aproximando de um ponto sem volta. >
Mas o que significa gelo na Amazônia? Basicamente, diz respeito às áreas em que o bioma está na zona da Cordilheira dos Andes, onde, devido às elevadas altitudes, há neve. >
O levantamento MapBiomas Amazônia, lançado nesta quinta-feira (30), é fruto do trabalho realizado pela RAISG (Rede Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas) em parceria com o projeto Mapbiomas. >
>
"Bolívia, Peru e Equador pegam uma porção dos Andes, onde há geleiras", afirma Cícero Augusto, coordenador técnico do MapBiomas. Segundo o especialista, os dados não permitem apontar o motivo exato dessa diminuição na cobertura de neve. >
Logicamente, em 2021, com eventos extremos ocorrendo diante dos nossos olhos, a crise climática aparece como uma das principais suspeitas da diminuição do gelo. Isso tem sido registrado em diversos locais ao redor do mundo. >
Para citar só um exemplo, nos Alpes no norte da Itália, um grande lençol branco é usado para tentar evitar ainda mais derretimento de uma geleira -que já teve perda de uma porção- importante para o turismo de esqui da região. >
"Mas não dá para afirmarmos isso [a influência da mudança climática] neste momento. Como são as primeiras análises, agora que vamos nos dedicar a entender", diz Augusto. >
Já para a perda de vegetação, as respostas são mais claras. >
Considerando todo o bioma amazônico, em 1985, a floresta -que, inclusive, tem algumas características diferentes nos países em que está presente- só tinha 6% de sua vegetação transformada em área antrópica, ou seja, convertida para pastagem, mineração, infraestrutura, entre outros. Em 2020, o valor chegou a 15%, o que equivale a quase o tamanho do Chile, ou 74,6 milhões de hectares. >
E a preocupação não é só com o que foi perdido até o momento, mas com o que pode acontecer caso a destruição da floresta não seja interrompida. >
Segundo Augusto, um ponto de ruptura, gerado pelo desmatamento excessivo, pode não estar tão distante, considerando o ritmo de destruição atual. Se esse estágio for atingido, a saúde da floresta não resistirá, causando um processo de savanização do bioma, ele alerta. >
E o Brasil tem um papel importante nisso, considerando que detém a maior parte da floresta e é também o responsável pela maior perda proporcional de vegetação. >
Nos últimos dois anos, o desmatamento ficou acima de 10 mil quilômetros quadrados, números elevadíssimos para o histórico recente. Os dados são produzidos pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). >
Se a situação não for revertida, os próximos anos acumularão dezenas de milhares de quilômetros quadrados de floresta devastada. >
"Vamos ter que repensar o que vai ser do nosso futuro. A floresta vai diminuir. Como vamos mudar esse enfoque que temos hoje? Vamos continuar destruindo a floresta?", questiona Augusto. "As próximas gerações vão sofrer com isso.">
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta