Publicado em 23 de janeiro de 2021 às 18:49
- Atualizado Data inválida
Com a mesma nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que a garantiu uma vaga em uma universidade federal brasileira no início do ano passado, Mariannah Barcellos, 19, agora tenta ser aprovada para estudar em Portugal. >
Por causa da pandemia, diversos países do mundo cancelaram ou adiaram seus vestibulares, mas alunos brasileiros, principalmente os que estudaram em escolas particulares, têm usado a nota do Enem de anos anteriores para tentar uma vaga nas principais instituições de ensino do exterior.>
Preocupada com os impactos da redução de recursos federais para o ensino superior e pesquisa no país, Barcellos avalia que terá mais chances de seguir a carreira de bióloga em Portugal.>
"Sempre quis estudar fora e achava que o caminho seria conseguir uma bolsa pelo governo para isso. Mas depois de entrar na universidade vi os cortes de verba no ensino e decidi que seria melhor já tentar fazer a graduação em outro país por minha conta mesmo", diz a jovem, que se candidatou para uma vaga na Universidaded do Porto.>
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Ela se formou no colégio Rio Branco, em São Paulo, em 2019, quando fez o Enem. Como a decisão de ir para Portugal só veio ao final do ano passado, ela usou a nota do exame daquele ano para a candidatura.>
"Também acho que não estaria preparada para fazer o Enem agora, já que quase não estudei no ano passado com o ensino remoto. E teria medo de fazer a prova nessa situação atual", conta.>
Depois de ter resistido a adiar o Enem, marcado inicialmente para novembro de 2020, o MEC (Ministério da Educação) decidiu manter a realização do exame em janeiro, em meio ao agravamento da pandemia em todo o Brasil. O primeiro dia de prova, no domingo (17), teve candidatos barrados por conta de salas superlotadas e a maior abstenção da história, com a ausência de mais da metade dos inscritos.>
Luigi Rigato, 17, foi um dos que fez a prova a no último domingo, apesar de já ter se candidato para universidades dos Estados Unidos com a nota do Enem de 2019, que fez quando ainda estava no 2º ano do ensino médio, como treineiro.>
Ele sempre quis estudar fora do Brasil, por isso, tinha se preparado para fazer o ACT (espécie de vestibular americano). No entanto, as provas foram canceladas três vezes pela situação da pandemia nos Estados Unidos --uma nova data foi remarcada para abril.>
"Com o adiamento, algumas universidades de lá flexibilizaram o processo de candidatura e passaram a permitir os exames de outros países como parte da avaliação. Aproveitei a nota do Enem de 2019 para tentar entrar ainda no início deste ano", conta.>
Aluno do colégio Móbile, ele quer estudar engenharia na New York University. A nota do Enem deste ano servirá como um plano B para ele, caso não consiga a aprovação no exterior.>
Renata Condi, do Departamento de Estudos Internacionais do colégio Rio Branco, diz que, apesar do receio de parte dos estudantes sobre a possibilidade de conseguir visto para morar em outros países no meio da pandemia, muitas famílias têm incentivado a candidatura diante da situação no Brasil.>
"Percebo que muitas vezes a decisão é motivada por uma preocupação com o bem estar dos jovens, de que possam ir morar em um país com melhores oportunidades de ensino, qualidade de vida", diz. Há ainda quem tenha adiado a candidatura por conta da alta do dólar e euro.>
Ela diz que a possibilidade de usar o Enem de anos anteriores também incentivou os jovens a tentar uma vaga no exterior, já que tinham receio de fazer o exame deste ano durante a pandemia. "Muitos relataram medo de fazer a prova sem saber como seriam as condições de segurança.">
Para Aline Chmatalik, coordenadora de estudos internacionais do colégio Móbile, a flexibilização de novos países e universidades para a candidatura em meio a pandemia permitiu que os alunos seguissem com o sonho de estudar no exterior.>
"Universidades dos Estados Unidos, por exemplo, que não permitiam o uso do Enem passaram a aceitá-lo como um dos requisitos de avaliação. Essa mudança foi importante para os alunos.">
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