Publicado em 5 de agosto de 2022 às 13:10
SÃO PAULO - Em 15 de julho, uma sexta-feira, o professor de idiomas Heitor Sartorelli, 30, saiu com três amigos para um bar. Entre conversas, risadas e aperitivos, ele nem imaginava que sairia dali infectado com a varíola dos macacos.>
A transmissão ocorreu porque um dos amigos do professor estava infectado, porém ainda não havia recebido o diagnóstico.>
Heitor conta que esse amigo estava com dor de garganta havia alguns dias. Ele já tinha ido ao médico, mas até então a suspeita de monkeypox, vírus que causa a varíola dos macacos, não tinha sido levantada.>
"Acho que a maioria dos médicos não cogitou (ser varíola dos macacos)", afirma Heitor. Segundo ele, até mesmo submeteram o amigo ao teste de Covid "e obviamente tinha dado negativo porque não era (essa infecção)".>
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No dia do encontro, o amigo de Heitor tinha apresentado melhora na dor de garganta porque tomava remédios para aliviar o sintoma.>
Naquele mesmo final de semana, porém, o amigo do professor voltou a sentir irritação na garganta e procurou novamente um serviço de saúde. Então, a varíola dos macacos foi cogitada.>
Na segunda (18), o amigo do professor fez o teste para a doença e avisou os contactantes -inclusive Heitor, que sentiu uma febre leve um dia depois. "Pensei que fosse psicossomático porque ele me falou", conta.>
Porém, na madrugada de quinta-feira (21), a febre de Heitor aumentou. Esse é um dos sintomas que pode ocorrer na varíola dos macacos. O inchaço dos gânglios linfáticos também é uma manifestação comum.>
Nessa mesma quinta, o diagnóstico do amigo de Heitor estava pronto - o resultado era positivo para monkeypox. Então, o professor procurou uma assistência médica no mesmo dia. Ele também cancelou um encontro familiar: "Optei pelo isolamento.">
O resultado do teste de Heitor, o que envolveu a raspagem de duas lesões na parte de trás do pescoço, saiu na segunda (25). Assim como o seu amigo, era positivo para a varíola dos macacos.>
"Foi realmente bem preocupante nos primeiros dias, porque eu não sabia como a doença ia se desenvolver", diz. Mesmo com os receios, o quadro dele continuou leve e o período de isolamento do professor termina nesta sexta (5).>
Embora a transmissão da varíola dos macacos esteja concentrada no contato sexual, o caso de Heitor é um indicativo de que a infecção pode ocorrer em diferentes contextos. O professor diz que o encontro no bar com os amigos foi na parte externa do estabelecimento e não teve nenhum contato íntimo. >
"Nós literalmente só sentamos para tomar um lanche juntos.">
Ele também afirma que, mesmo antes de encontrar o amigo, não estava com histórico de relações íntimas com parceiros sexuais. "Então não poderia mesmo ser por contato sexual.">
Os outros dois amigos presentes no bar não apresentaram sintomas da varíola dos macacos. Heitor desconfia que foi o único infectado porque se sentou ao lado do amigo que já estava com a doença. Ele também afirma que seu amigo reparou, somente depois, uma marca na sua mão que podia ser uma das lesões ocasionadas por monkeypox.>
"Provavelmente eu devo ter encostado na mão dele sem ver que ele estava com a ferida." Segundo estudos, o contato pele a pele com as erupções cutâneas é uma forma importante de transmissão, independentemente de ocorrer no sexo ou não.>
Assim como seu amigo, Heitor apresentou lesões simples. Além de duas localizadas no pescoço, houve uma terceira na parte lateral do corpo. Como eram muito sutis, as lesões confundiram o professor -uma delas, ele até espremeu pensando que era uma espinha.>
"São lesões bem simples. Elas não coçam, nem doem. Tanto é que eu achei que fosse uma espinha. A única pessoa que reparou foi o médico", afirma.>
Especialistas já relataram que muitos pacientes apresentam erupções quase imperceptíveis em casos de varíola dos macacos. O cenário pode atrasar o diagnóstico, já que os pacientes acreditam não ser um caso de monkeypox e se confundem com outras doenças.>
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