O Brasil e o mundo respiram a esperança do fim próximo da pandemia, que se delineia com o aumento do número dos vacinados concomitante com a redução nos números de infectados e óbitos. São fortes evidências de que teremos dias melhores, mas ainda é preciso tomar todas as precauções que já orientamos desde o início da pandemia.
Um grupo que poucos discutem e que tem urgência em atenção refere-se aos "curados" da Covid-19. Nesse grande grupo de curados existem indivíduos doentes com uma síndrome recentemente denominada Síndrome Pós-Covid ou Covid crônica. Em número incerto, mas ainda crescente de maneira assustadora, estão indivíduos com sequelas ou doenças causadas pela Covid que permanecem sem diagnóstico e sem abordagem adequada.
Os sintomas variam da ordem psiconeurológica a sintomas físicos incapacitantes, causando enorme sofrimento físico e mental. Esses indivíduos possuem queixas de ansiedade, pânico, alterações no sono e sintomas depressivos, que são ainda piores naqueles que necessitaram de internação ou apresentaram quadros mais graves. Os traumas do isolamento e a perda de amigos e familiares, tornam o cenário pior num crescente de sintomas.
As alterações físicas incluem problemas cardiovasculares, pulmonares e musculares tão intensos que, às vezes, chegam a ser limitantes. Os estudos são claros em evidenciar a Síndrome Pós-Covid, que excede o quadro agudo em mais de seis meses. A pandemia submeteu os sistemas de saúde de todo o mundo a uma sobrecarga no funcionamento e, agora que a fase aguda já passou, não houve preparo para os sobreviventes.
Esses sobreviventes enchem os consultórios com sintomas variados, o que exige nova superação do sistema de saúde e de toda a cadeia envolvendo o atendimento público, privado e assistência social para os inválidos.
Na fase pós-Covid, é necessária a otimização do sistema de saúde direcionado a esses indivíduos curados, mas que ainda necessitam de cuidados para a franca recuperação e o retorno a suas atividades. Para isso, é preciso um direcionamento assertivo com a meta de reintegrar, diagnosticar, tratar e reabilitar os ditos "curados".
Este vídeo pode te interessar
É essencial um atendimento multidisciplinar e ativo, com a finalidade de mitigar sofrimento, reduzir doenças secundárias à Covid aguda — como doenças metabólicas e cardiovasculares —, além de adequada assistência e amparo psicológico e psiquiátrico, com a finalidade de retornar esse indivíduo ao trabalho e a sociedade. Esse é o real ponto de partida para a recuperação brasileira pós-pandemia.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.