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É sociólogo, mestre e doutorando em Ciências Sociais pela Ufes e Subsecretário de Estado de Políticas sobre Drogas

Reinserção social e a construção de novos caminhos

A sociedade, muitas vezes preconceituosa, reforça estigmas negativos, fecha portas e impede que pessoas após o tratamento contra a dependência química voltem para suas famílias, comunidades e mercado de trabalho

  • Carlos Augusto Lopes É sociólogo, mestre e doutorando em Ciências Sociais pela Ufes e Subsecretário de Estado de Políticas sobre Drogas
Publicado em 28/11/2022 às 14h00

Muito se fala sobre os efeitos que o álcool e outras drogas causam na saúde física e mental, mas é preciso lembrar como essas substâncias psicotrópicas também trazem uma série de transtornos para a vida social e profissional do indivíduo. 

Há diversos relatos de usuários de álcool e outras drogas que viram sua relação com a família, amigos e colegas de trabalho ser estremecida. Muitos saíram de casa e perderam o contato com pais, cônjuges, filhos e outros familiares e até mesmo foram demitidos do emprego por causa de faltas e baixo rendimento.

Foi diante desse contexto que, em 2020, o Programa Estadual de Ações Integradas sobre Drogas - Rede Abraço, do governo do Estado do Espírito Santo, implementou o Plano Geral de Reinserção Social. Trata-se de um documento com diretrizes para ações que visam o resgate da autonomia dos atendidos pelo programa nos Centros de Acolhimento e Atenção Integral sobre Drogas de Vitória, Cachoeiro de Itapemirim e Linhares. O Plano Geral de Reinserção Social é baseado em três eixos principais: Fortalecimento de vínculos familiares e territoriais, Qualificação Profissional voltada para o trabalho, emprego e renda e Educação e Cidadania.

O primeiro eixo busca reconstruir os vínculos familiares e sociais que foram fragilizados e/ou rompidos pela dependência química. Isso é feito por meio do acompanhamento dos acolhidos e seus familiares atendidos pelo programa, bem como da articulação e integração com os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS/SUS), a Defensoria Pública e demais serviços socioassistenciais do território.

O segundo eixo tem o intuito de promover a qualificação profissional e encaminhamentos ao mercado de trabalho, a partir de articulações junto aos órgãos municipais e estaduais, como o programa Qualificar-ES, do governo do Estado, e outras parcerias com iniciativas privadas e organizações sociais.

Já no terceiro eixo, a equipe de Reinserção Social do programa incentiva a elevação da escolaridade por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), mediante uma parceria com a Secretaria de Estado da Educação (Sedu). Também realiza articulações e encaminhamentos para os serviços responsáveis pela emissão de documentos civis, tais como Faça Fácil, Correios, Receita Federal, Casa do Cidadão, Polícia Civil e Cartórios de Registros, entre outras ações.

Além dessas ações, a Rede Abraço também lançou o Edital de Reinserção Social e Produtiva, voltado para Organizações da Sociedade Civil (OSCs) que executam projetos de reinserção social e geração de renda para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Desde 2021, 14 iniciativas foram contempladas com a premiação de R$ 60 mil para sua implementação ou ampliação.

A Rede Abraço acredita que cada cidadão atendido pelo programa é único e, por isso, necessita de um acolhimento de acordo com sua história de vida, suas necessidades e seus desejos. É assim durante o tratamento e também durante o período de acompanhamento pela política de Reinserção Social.

A sociedade, muitas vezes preconceituosa, reforça estigmas negativos, fecha portas e impede que essas pessoas voltem para suas famílias, comunidades e mercado de trabalho. Queremos interferir positivamente nesse contexto e proporcionar que os atendidos pelo programa construam novos caminhos e realizem seus sonhos.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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