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É jornalista e escritora

Por um mundo sem fome, sofrimento e miséria: nós podemos ajudar

O desafio é gigantesco: o cenário de miserabilidade é planetário e se agravou com a pandemia, as guerras, o desemprego e a inflação global

  • Isa Colli É jornalista e escritora
Publicado em 04/11/2022 às 10h00

Uma edição do programa "Repórter Justiça", da TV Justiça, que abordou o combate à miséria, trouxe histórias comoventes de pessoas que se acostumam a conviver com a fome. Triste, não é mesmo? Uma das personagens é dona Maria das Graças dos Santos Ferreira, moradora do Sertão Nordestino. A naturalidade com que ela fala sobre a dureza da vida impressiona. “Tem dia que eu pego ele (o marido) caído dentro da roça de fraqueza porque come pouco e tem dia que não tem alimento”, diz a mulher na entrevista.

Existem muitas entidades, organizações não-governamentais e movimentos sociais que atuam para dar mais dignidade aos cidadãos como dona Maria, ajudando a aliviar a fome e a miséria, geralmente onde o poder público é falho. Penso que nós, profissionais da Comunicação, também devemos fazer a nossa parte. Temos um poder muito grande para colaborar e mudar essa realidade por meio de reportagens, denúncias, cobrando as autoridades e dando espaço para que o problema e as possíveis soluções sejam debatidos. Nossa missão é fazer ecoar a voz de quem tem fome. E a missão não é fácil, mas é possível.

O desafio é gigantesco: o cenário de miserabilidade é planetário e se agravou com a pandemia, as guerras, o desemprego e a inflação global. A Organização das Nações Unidas (ONU) acendeu a luz de emergência. A fome aumentou em todo o mundo nos últimos dois anos, e a situação não está perto de melhorar, apontou relatório recente da entidade.

Entre 702 e 828 milhões de pessoas foram afetadas pela fome em 2021, segundo o estudo. E o mais grave: cerca de 1 milhão de pessoas em países como Somália, Afeganistão e Iêmen estão ameaçadas por uma "fome catastrófica". Ou seja, elas correm o risco de morrer nos próximos meses se não chegar ajuda humanitária. Esse quadro acaba por nos afastar cada vez mais da meta da ONU de acabar com a fome até 2030. E não sou eu que digo. Essa é a conclusão do presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, Gilbert F. Houngbo.

No Brasil, o número de pessoas em insegurança alimentar grave (que inclui situações de fome) supera 15 milhões. No índice de subalimentação da ONU, anteriormente usado para calcular o "Mapa da Fome", o país chegou a seu pior cenário desde 2010.

O frio e a fome é uma preocupação constante para quem está em situação de rua
No Brasil, o número de pessoas em insegurança alimentar grave (que inclui situações de fome) supera 15 milhões. Crédito: Freepik

A própria instituição divulgou algumas saídas para superar o caos, como políticas para baratear alimentos saudáveis e ampliar o acesso a eles. Neste sentido, uma medida necessária é a redefinição de políticas agrícolas por parte dos governos. A estratégia deve ser pensada de acordo com as necessidades específicas de cada país ou região, que podem ser diferentes.

No nosso caso, percebam a incoerência: o Brasil é um dos maiores produtores de comida do mundo, enquanto milhões de cidadãos convivem com a fome diariamente, segundo dados da Rede Pensam e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Não podemos esquecer que o direito à alimentação está na Constituição Federal e deve ser cumprido. Que sejamos exemplo, como Sebastião Salgado, um dos mais talentosos fotojornalistas do mundo. Seu olhar atento revela cenários desconhecidos e promove denúncia social. Na série “Fome em preto e branco”, ele registrou justamente famílias famintas, desnutridas, desesperadas... é um profissional que cumpre uma grande missão. Eu convoco você, que lê este artigo, a refletir sobre esse assunto. Seja você também ferramenta para a mudança.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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